"A seleção teve alguns percalços nesta qualificação, foi das últimas a qualificar-se. Temos alguns problemas em termos de equilíbrio na equipa, sobretudo na defesa, em que o Pepe vem de lesão. Muita gente do meio-campo para a frente e muito menos gente no eixo central da defesa, o que faz com que a equipa seja um pouco desequilibrada", começou por dizer o ex-futebolista, em declarações à agência Lusa.
Ainda assim, o vice-campeão europeu por Portugal em 2004, que representou a seleção nacional em 51 ocasiões, inclusive no Campeonato do Mundo de 2002, mostrou-se convicto de uma boa prestação lusa no Qatar, tendo em conta que "os jogadores estão mais velhos, mais experientes".
"Jogadores como o Bernardo Silva, o Rúben Dias, que jogam na Premier League, podem transportar essa competitividade para a equipa. Os nossos jogadores jogam em grandes campeonatos e alguns estão em grande forma. Se o Mundial fosse no final da época, poderiam estar mais cansados, mas, sendo nesta altura, podem jogar em plena forma, o que faz com que a equipa possa estar bem", antecipou.
Perante a concorrência de Gana, Uruguai e Coreia do Sul, de Paulo Bento, o antigo central, de 44 anos, alertou para as dificuldades com que a equipa das 'quinas' se vai deparar no Grupo H.
"O nosso grupo é muito difícil. Temos dois adversários que já nos eliminaram, a Coreia do Sul, em 2002, e o Uruguai, no último Mundial [em 2018]. O Gana é uma seleção africana, que é sempre complicado para nós também. Por isso, muito cuidado", realçou o antigo jogador de Estrela da Amadora, FC Porto, Deportivo da Corunha e Juventus.
De resto, Jorge Andrade deixou um aviso, depois de, em 2002, ter experienciado no relvado a eliminação da formação lusa na fase de grupos, precisamente com um desaire no derradeiro encontro, com os sul-coreanos, na altura anfitriões da prova, juntamente com o Japão.
"Não podemos chegar ao último jogo a precisar de pontos para passarmos. Temos de chegar folgados para essa última jornada. Depois, é a eliminar, tem a ver com cruzamentos em termos de seleções. É tentar que os cruzamentos sejam mais favoráveis, mas é uma competição em que tudo pode acontecer", disse.
Para Jorge Andrade, existe alguma expectativa quanto ao desempenho do 'capitão' Cristiano Ronaldo, que está a fazer um época "aquém no Manchester United e não fez pré-época, mas que nos últimos jogos tem mostrado que fisicamente está pronto para dar um grande contributo à seleção".
"Vai liderar o grupo, tem vontade de demonstrar que, mesmo a terminar [a carreira], é um dos melhores do mundo e isso pode motivar o grupo a acompanhar a fome que o Cristiano Ronaldo tem nestas provas. Esperamos que seja um grande campeonato e que Portugal chegue o mais longe possível", referiu à Lusa.
O ex-internacional luso desejou ainda que o selecionador Fernando Santos, que foi seu treinador no FC Porto em 2000/01, "continue a ter os êxitos que tem tido, depois do Euro2016 e da Liga das Nações, em 2019", lembrando que esta "pode ser a última competição dele e, por isso, vai querer chegar o mais longe possível, quiçá à final".
Jorge Andrade deixou mesmo um conselho ao treinador, equipa técnica e jogadores, dadas as especificidades deste Mundial, que, pela primeira vez, será disputado a meio de uma temporada europeia e num país com condições climatéricas diferentes.
"Vai ser uma experiência toda nova. Portugal tem de se adaptar rapidamente e tentar superar-se, porque não vai ser fácil. Têm de estar atentos aos primeiros jogos das outras seleções, ver as dificuldades que podem sentir e rapidamente adaptarem-se. Nem que seja fazer substituições mais cedo durante os jogos, para os jogadores estarem mais frescos, tentar rodar a equipa na fase de grupos, para ter um ritmo alto no jogo", perspetivou.
A 22.ª edição do Campeonato do Mundo vai ser disputada entre domingo e 18 de dezembro, no Qatar.
Portugal está integrado no Grupo H, juntamente com Uruguai, Gana e Coreia do Sul, de Paulo Bento, tendo estreia marcada na competição para quinta-feira, diante dos ganeses, no Estádio 974, em Doha.