Rafa Silva concedeu, na manhã deste sábado, uma extensa entrevista à plataforma BPlay, do Benfica, na qual falou sobre as dificuldades que está a sentir nos últimos dias, depois de ter cumprido o último jogo com a camisola do clube da Luz.
Na extensa conversa, o avançado assume que "estava na sua hora" de sair, porque, sublinha, "teria de sair e iria sair pelo seu pé". Rafa recorda também alguns dos treinadores e jogadores com quem se cruzou.
"É difícil… É difícil quando tens de abandonar uma coisa que foi a tua casa durante tanto tempo, não é? Oito anos. As pessoas pensam que é fácil para nós, depois, termos de ir embora, termos de abandonar, que isto é só um trabalho… Mas nós passamos tanto tempo aqui, e tanto tempo com estas pessoas, tanto tempo neste relvado que isto torna-se uma coisa da nossa vida. É sempre difícil, mas saio todo contente porque sei que fiz o meu trabalho e sei que as pessoas que deixo para trás são pessoas amigas e que eu considero muito na minha vida", começou por dizer Rafa, antes de explicar porque não quis nenhuma homenagem.
"Nenhum jogador joga para homenagens. Joga para se evidenciar. Eu acho que nunca, e sempre disse isso... nunca quis câmaras, nunca quis prémios, nunca quis nada disso. Não tive interesse nenhum nisso, nunca vou ter interesse nenhum nisso. O meu interesse sempre foi que as pessoas gostassem de mim como homem, pelo meu caráter, pelo que eu sou, não por o Rafa jogador. Uns gostam, outros não, isso faz parte da vida, mas… homenagens não são para mim. Não quero nada disso", garantiu.
No duelo diante do Arouca, o seu último de águia ao peito, Rafa Silva declinou marcar uma grande penalidade por duas ocasiões. Agora, o avançado explica as suas razões.
"Eu sabia que era o meu último jogo, a maior parte das pessoas sabia que era o último jogo, mas para mim o que me interessava era ganhar o jogo. Foi isso sempre que eu fiz em todos os jogos que joguei pelo Benfica, e, quando não pude estar lá dentro, o objetivo era sempre ganhar o jogo, nunca era o que A, B ou C faziam. O individual não conta para nada, e ali, para mim, fazer o golo ou não fazer, não era por aí. Eu nunca bati penáltis, não tinha por que começar agora. Não fazia sentido para mim", frisou o dianteiro, que foi ovacionado pelo público da Luz na hora da saída.
"É sempre difícil porque, como eu disse há bocado, estou a abandonar uma coisa que é basicamente quase a minha carreira, são oito anos. As pessoas não têm muita noção do que são oito anos num clube, e acho que é isso que eu senti nesse momento, foi: OK, isto está a acontecer, está na minha hora, decidi que assim o fosse. Mostra que eu tenho uma grande família, fora da família que tenho em casa, e eu sempre disse isso. Para mim o mais importante serão sempre as conexões que eu faço e não o que eu faço como jogador, porque isso a mim não me interessa muito", ressalvou.
"Como eu disse, isto vai-me custar mais do que eu alguma vez poderia imaginar, porque saberia que teria de sair e iria sair pelo meu pé. Nunca na vida ia esperar que já não tivesse condições para representar. Disse sempre que chegaria a altura, e eu saberia quando era a altura para sair, e foi isso mesmo que eu fiz. Eu cheguei a um ponto em que senti que estava na hora, que estava na minha hora. E pronto", finalizou.
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