A estreia de Ruben Amorim no banco do Manchester United, com um empate no reduto do Ipswich (1-1), registado no domingo, foi acompanhado com especial atenção um pouco por todo o mundo, mas ainda mais de perto pelos ingleses. O novo treinador dos red devils tem a difícil missão de reerguer um gigante europeu que tarda em acordar do pesadelo, mas os primeiros passos de Amorim em terras de Sua Majestade parecem a estar a ser do agrado da grande maioria.
O Desporto ao Minuto entrou em contacto com Paul Hirst, jornalista do Times Sport, para recolher os primeiros dados desta ainda curta passagem de Amorim por Inglaterra, bem como avaliar a prestação do United no primeiro jogo sob a orientação do técnico português.
Questionado sobre as opções táticas que Amorim operou na visita do United ao Ipswich, Paul Hirst explica que a imprensa inglesa já esperava uma mudança radical na disposição dos jogadores em campo, mas também confessa não ter deixado de estranhar os papéis de Diallo e Rashford.
"Fiquei surpreendido por Amad Diallo jogar como ala direito e Marcus Rashford como ponta de lança. O Rashford já disse no passado que prefere jogar numa das alas e o United gastou mais de 100 milhões de libras em Hojlund e Zirkzee. Para ser justo, ele marcou e por isso justificou a titularidade, mas existem dúvidas sobre se ele tem capacidade física para liderar o ataque. Ele é rápido e finaliza bem, mas tem problemas em segurar a bola. O Diallo jogou pela primeira vez como lateral direito. Costuma jogar como extremo, mas ele e e o Diogo Dalot foram os melhores jogadores do United", começa por analisar o jornalista inglês que cobre os dois emblemas de Manchester.
Olhando para o desempenho dos jogadores do Manchester United ao longo dos primeiros 90 minutos orientados por Ruben Amorim, fica a sensação que a mentalidade terá de mudar forçosamente e que esse será um dos grandes desafios do treinador português de 39 anos em Old Trafford. No entanto, Paul Hirst descarta que exista um problema de atitude, apontando, sim, para a ausência de "confiança".
"Não creio que exista um problema de atitude. Penso que existe falta de confiança. Quando o United sofre um golo ou não vence, não demora muito tempo até que os jogadores baixem a cabeça", aponta.
Amorim gera entusiasmo, mas não tanto como Mourinho
Muito se tem falado sobre a chegada de Ruben Amorim ao Manchester United e os jornais ingleses têm tentando esmiuçar todo e qualquer pormenor que ajude a perceber melhor quem é, afinal, o novo treinador dos red devils. Ainda assim, esta cobertura mediática ainda não está, - pelo menos até ao momento - ao nível daquela que acontecera na chegada de Mourinho ao Chelsea no verão de 2024.
De resto, Paul Hirst até garante que ninguém tem a intenção de tentar fazer de Amorim um novo Mourinho, enumerando, inclusive, as diferenças que já identificou nos dois técnicos portugueses.
"Ninguém compara Amorim com Mourinho em termos de pedigree. Apenas têm a mesma nacionalidade e Mourinho é um ídolo para Amorim. A chegada de Amorim foi mais discreta do que a de Mourinho [em 2004]. Amorim é um tipo carismático e que fala de forma confiante, mas o ego de Mourinho é muito maior. Ao dizer que era o "Special One" Mourinho sabia como iria ser recordado. O frenesim em torno de Amorim não é tão grande, mas há muitos adeptos do United entusiasmados com ele e as pessoas na imprensa também estão", explica.
Refira-se, aliás, que também o próprio Ruben Amorim já fez questão de se afastar as comparações com José Mourinho, preferindo ser conhecido como o 'Smile One'.
Conferências de imprensa ganham nova vida
A primeira conferência de imprensa de Ruben Amorim no Manchester United, protagonizada na passada sexta-feira, parece ter deixado 'água na boca' tanto a adeptos como a jornalistas. O antigo técnico do Sporting tem um perfil completamente diferente de Erik ten Hag, o seu antecessor, e o entretimento está garantido para os próximos tempos.
"Amorim deixou uma boa primeira impressão. As suas conferências de imprensa foram interessantes e entretidas, o que diferente do tempo de Erik ten Hag", afirma o jornalista inglês.
Afinal, o que precisa Amorim de fazer nesta época?
Chegar com o comboio em andamento dificulta a vida a qualquer treinador e ainda mais quando se trata do Manchester United. Ruben Amorim já defendeu o típico pensamento 'jogo a jogo', mas terá de interiorizar a importância de conseguir fazer chegar o Manchester United ao top4 da Premier League.
Isto porque a presença na próxima Liga dos Campeões é de capital importância para o gigante inglês, tanto por conta do prestígio internacional como também da saúde financeira.
"Amorim tem de colocar o United na Liga dos Campeões, o que irá trazer mais dinheiro de prémios e televisão, aumentar o prestígio do clube e permitir atrair os melhores jogadores. Além disso, o clube vai sofrer um corte no acordo com a Adidas. O United precisa de acabar no top4 da Premier League ou vencer a Liga Europa para se qualificar para a Liga dos Campeões. Se ele conseguir fazer isso, então terá uma época brilhante", vaticina Paul Hirst.
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