O governo brasileiro repudiou, esta terça-feira, "nos mais fortes termos" a declaração do presidente Confederação sul-americana de futebol (CONMEBOL), que afirmou que uma Taça Libertadores sem equipas brasileiras seria como "o Tarzan sem Chita [um macaco]".
"As declarações ocorrem em contexto em que as autoridades da CONMEBOL têm reiteradamente falhado em adotar providências efetivas para prevenir e evitar a repetição de atos de racismo em partidas por ela organizadas, incluindo medidas para combater a impunidade e promover a responsabilização dos responsáveis", reclamou o Governo brasileiro, em comunicado.
Durante o sorteio das fases de grupos da Taça Libertadores e da Taça sul-americana, e quando questionado sobre como seriam as competições continentais sem o Brasil, o líder da CONMEBOL, o paraguaio Alejandro Domínguez, afirmou: "Seria como Tarzan sem Chita. Impossível".
A frase polémica foi interpretada como racista no Brasil, uma vez que a comparação com macacos é um dos insultos mais frequentes que os adeptos de outras equipas latino-americanas usam contra os jogadores brasileiros.
Alejandro Domínguez explicou que a expressão usada "é uma frase popular", garantindo que nunca teve intenção de "menosprezar nem desacreditar ninguém".
"Reafirmo o meu compromisso de continuar a trabalhar por um futebol mais justo, unido e livre de discriminação", afirmou.
O debate sobre uma hipotética Taça Libertadores sem equipas brasileiras surgiu na sequência de uma declaração da presidente do Palmeiras, Leila Pereira, que apontou para essa possibilidade depois de criticar a fraca resposta do organismo a um recente caso de racismo.
No início de março, o jovem futebolista Luighi, de 18 anos, do Palmeiras, foi alvo de insultos racistas na visita da equipa sub-20 do Palmeiras aos paraguaios do Cerro Porteño que, entretanto, foram castigados.
Luighi recebeu mensagens de apoio de quase todos os quadrantes do futebol, a começar pelo compatriota Vinícius Jr., do Real Madrid, uma das vozes mais inconformadas com o racismo no futebol.
O jovem, que já atuou em oito jogos e marcou um golo na equipa principal do Palmeiras, treinada pelo português Abel Ferreira, foi alvo de insultos racistas por adeptos do Cerro Porteño, em jogo da Libertadores sub-20, e acabou em lágrimas durante uma 'flash interview' devido ao sucedido.
O incidente levou mesmo o presidente do Brasil, Lula da Silva, a manifestar apoio ao jovem futebolista e a exigir medidas punitivas.
"A FIFA, a CONMEBOL e a CBF [Confederação Brasileira de Futebol] precisam de agir, e que os culpados sejam exemplarmente responsabilizados", disse.
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