"Acho que neste momento não há visibilidade para uma agência de 'rating' proceder já a esse tipo de revisões em baixa, porque não sabe em concreto qual o nível de implementação das medidas que venham a suceder", disse à Lusa Filipe Garcia, da IMF -- Informação de Mercados Financeiros, sobre as medidas de combate aos efeitos económicos da pandemia de Covid-19.
Para Filipe Garcia, a DBRS "deverá manter tudo como está e fazer um comentário de que mal haja mais visibilidade, possa alterar alguma coisa, se for o caso", considerando que uma revisão já seria uma antecipação exagerada.
Também Nuno Mello, da corretora XTB, não espera uma alteração da DBRS, dado que "os pressupostos que levaram a agência de 'rating' a elevar o rating da dívida portuguesa na última revisão, nomeadamente a descida do défice e da dívida portuguesa, mantêm-se enquanto não saírem novos dados que reflitam a situação económica atual", relacionada com a pandemia de Covid-19.
A longo prazo, no entanto, Nuno Mello considera que os 'ratings' deverão refletir "um aumento da dívida pública, a uma derrapagem nas contas públicas, desaceleração económica e também aumento do desemprego" provenientes dos efeitos económicos associados ao novo coronavírus.
Já Pedro Amorim, da corretora Infinox, afirmou que "as agências de 'rating', devido à situação mundial, não vão deteriorar o 'rating' de todos os países, por uma questão de estabilidade do mercado".
"Se o fizessem, seria uma queda gigante nas obrigações portuguesas e não só", considerou, lembrando que as agências "têm a sua capacidade de flexibilização para não prejudicarem mais o mercado".
A DBRS irá pronunciar-se na sexta-feira sobre o 'rating' da dívida pública portuguesa, depois de na semana passada a Standard and Poor's ter mantido inalteradas as avaliações a Portugal, com o rating em 'BBB', em nível de investimento, e a perspetiva positiva.
Em 17 de janeiro deste ano, a Moody's manteve a notação financeira de Portugal em 'Baa3', acima de 'lixo', e a perspetiva em positiva, sendo assim a única agência de 'rating' a deixar a dívida de longo prazo de Portugal apenas um nível acima da categoria de não investimento.
Em 22 de novembro de 2019, a Fitch tinha mantido o 'rating' em 'BBB', o segundo nível da categoria de investimento, com perspetiva positiva.
Em 04 de outubro, a agência de notação financeira canadiana DBRS melhorou o 'rating' da dívida soberana de Portugal de 'BBB' para 'BBB alto', com perspetiva estável.
O 'rating' é uma classificação atribuída pelas agências de notação financeira que avalia o risco de crédito (capacidade de pagar a dívida) de um emissor, que pode ser um país ou uma empresa.