"Nos próximos anos não se poderá pagar a ninguém", destacou o ministro da Economia da Argentina, Martín Guzmán, em entrevista publicada hoje no sítio na Internet do órgão de comunicação El Rohete à la Luna, citado pela agência EFECOM.
A Argentina formalizou na sexta-feira uma proposta para reestruturar os títulos emitidos a credores privados, no valor de 66.238 milhões de dólares (cerca de 61 mil milhões de euros).
A proposta inclui um período de carência de três anos para o país começar a pagar a dívida, com uma dedução de juros de 62% e de capital em 5,4%.
Martín Guzmán garantiu que a proposta contempla "a melhor combinação entre deduções de capital e juros".
O ministro da Economia explicou que manteve conversações com vários credores dos fundos de investimento da Argentina e que estes manifestaram a intenção em "cobrar mais" e que a Argentina deve "fazer mais ajustes fiscais".
O Governo considera que essa hipótese leva a "resultados desastrosos".
O governante realçou que mesmo antes da pandemia de covid-19, a Argentina já estava em recessão há dois anos e que já não podia respeitar os seus compromissos, pelo que estava com um plano de pagamentos "virtual".
Martín Guzmán disse ainda que a análise sobre a sustentabilidade da dívida argentina realizada pelo FMI coincide com a do Governo liderado por Alberto Fernández.
"O que essa análise diz é que não pode haver mais austeridade durante um contexto de recessão, que deve haver um caminho sustentável para a consolidação fiscal e que [a dívida] não se pode pagar agora ", atirou.
A dívida do país ao FMI não pode ser paga antes de 2023 e é necessário reprogramá-la, acrescentou.