"Anunciámos há algumas semanas que iríamos ter de reduzir cerca de 3.000 postos de trabalho em cerca de 15 a 16 mil funcionários e alguns deles provavelmente serão em Portugal, dependendo do número de aeronaves que lá tivermos [a operar]", afirma em entrevista à agência Lusa o presidente executivo da Ryanair, Eddie Wilson.
No dia em que a companhia aérea de baixo custo anuncia a retoma das suas operações em julho próximo, após mais de três meses com os aviões parados devido às restrições implementadas pelos países europeus para conter o surto de covid-19, o responsável frisa que a Ryanair está agora "a reavaliar as suas operações e a falar com os sindicatos" em Portugal.
"O nosso objetivo é ter acordos ou uma decisão tomada em breve", diz Eddie Wilson à Lusa, precisando que esta decisão será divulgada "nas próximas semanas".
Ainda assim, de acordo com o responsável, é já certo que "o que vai determinar esse número [de despedimentos] será o total de aeronaves baseadas em Portugal".
"Por cada aeronave que é retirada, são cortados cerca de 10 postos de trabalho de pilotos e aproximadamente 20 empregos na tripulação de cabine", exemplifica.
Questionado sobre quais serão as bases portuguesas mais afetadas, Eddie Wilson indica que a transportadora aérea baseada em Dublin, na Irlanda, está a "olhar para tudo".
"Temos uma operação substancial no Porto, uma operação relativamente pequena em Ponta Delgada, redimensionámos a operação em Faro, e operamos em Lisboa", elenca, sem pormenorizar.
A Ryanair avançou em 1 de abril passado com 'lay-off' simplificado em Portugal, considerando o recurso à medida como indispensável para a preservação dos postos de trabalho no país, de acordo com informação transmitida na altura aos sindicatos.
E ressalvando que a Ryanair ainda não está "no final desse exercício [de reavaliação]" sobre a sua presença em Portugal, assim como noutros países europeus, Eddie Wilson justifica desde já que este tipo de medidas tem por base a pandemia de covid-19, visto que "a indústria está em crise".
"Transportámos 150 mil passageiros em abril quando devíamos ter transportado 30 milhões", aponta o responsável, ressalvando a necessidade de a Ryanair "ajustar a sua atividade à nova realidade". "E é isso que faremos quando voltarmos a voar", adianta.
E isso acontecerá a partir de 1 de julho, segundo anunciou hoje a transportadora, indicando ainda assim que a retoma está sujeita ao levantamento das restrições de viagem aplicadas aos voos no espaço comunitário.
"O que irá acontecer aqui é que vamos ter uma procura mais reduzida e é por isso que só retomamos com 40% da nossa capacidade, o que significa termos menos aviões e menos frequências [...] e, nestas situações, temos de ponderar despedimentos e cortes nalguns custos", adianta Eddie Wilson à Lusa.
Desde o início dos limites às viagens, aplicados em meados de março, a Ryanair só tem feito cerca de 30 voos por dia entre a Irlanda, o Reino Unido e a Europa, e espera agora passar para cerca de 1.000 ligações diárias, operando com menos frequências do que o habitual.
Anterior responsável pelo departamento de pessoal da Ryanair, Eddie Wilson é presidente executivo da companhia aérea de baixo custo desde setembro de 2019, tendo substituído no cargo Michael O'Leary, que passou a liderar todo o grupo.
Sediada na Irlanda, a companhia aérea Ryanair pertence ao grupo aeronáutico com o mesmo nome, que inclui também empresas como a Buzz, Lauda e Malta Air, transportando normalmente cerca de 150 milhões de passageiros por ano, num total de mais de 2.400 voos diários operados a partir de 82 bases na Europa e norte de África.
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