A meio de um debate morno do Programa de Estabilidade e Programa Nacional de Reformas, na Assembleia da República, Mariana Mortágua afirmou que "o problema é o que falta" nestes dois programas e enumerou uma série de críticas.
"Esperar pela confirmação da crise é uma ideia perigosa e é grave", afirmou, acrescentando que, na resposta à crise causada pela pandemia, "não bastam as linhas de crédito", nem "mandar milhares de trabalhadores para 'lay-off'.
O elogio surgiu por Mário Centeno, ministro das Finanças português, "ter rejeitado" a proposta de Mário Centeno, presidente do Eurogrupo, de resposta à crise por ser "inútil" para "recuperação económica" e "até perigosa para a estabilidade" do país.
"Fez bem rejeitá-lo" porque "nenhum país" aceitou recorrer a esse mecanismo, disse, numa crítica ao governante.
Até aí foi menos de uma hora de debate morno, com intervenções de todos os partidos, com críticas mais ou menos duras, e em que apenas o PS fez a defesa dos dois documentos, embora sem elogios a Mário Centeno.
À direita, o CDS, através de Cecília Meireles, criticou os documentos como "não programas" que foram "não apresentados pelo ainda ministro das Finanças", por não cumprirem a lei nacional ou comunitária e por não fazerem projeções macroeconómicas.
E fez a defesa de um programa de emergência social "a pensar em quem está em 'lay-off', para aqueles a quem a austeridade já chegou" com cortes de rendimentos.
A seguir surgiu a intervenção de Duarte Alves, do PCP, a defender uma "rutura" com os "ditames" da União Europeia (UE), a "libertação do país do domínio dos grupos monopolistas" e a adoção de medidas para a "reposição de direitos e rendimentos", "reforço do investimento público" e a "dinamização do aparelho produtivo nacional".
André Silva, do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), criticou a falta de "visão estratégica para o país e para a recuperação da crise económica, social e sanitária, causada pelo novo coronavírus".
"O Plano Nacional de Reformas não coloca o combate às alterações climáticas como eixo central do plano de recuperação para o pós-COVID-19 e nas poucas linhas em que refere esse combate fica esquecida a necessidade de o país se adaptar aos efeitos das alterações climáticas, que são o maior desafio da humanidade", disse.
Um dos últimos a falar, nesta fase do debate, foi André ventura, do Chega, que desafiou Mário Centeno a dizer se se demitiu ou não, se se vai demitir ou não, numa referência ao polémica de quarta-feira referente à transferência do Estado para o fundo de resolução de 850 milhões de euros para o Novo Banco.