Aumento "inevitável" de crédito malparado obriga a reforço de medidas
A Comissão Europeia admite que a crise da covid-19 vai gerar um "aumento inevitável" de crédito malparado na União Europeia (UE), pelo que vai apresentar uma estratégia para combater este incumprimento, no qual Portugal é dos piores.
© Lusa
Economia Valdis Dombrovskis
"Temos de acompanhar cuidadosamente a evolução dos NPL [non-performing loans]. Com a crise, é quase inevitável que haja um aumento do crédito malparado", declarou o vice-presidente executivo da Comissão Europeia Valdis Dombrovskis.
Em entrevista à agência Lusa e a outros órgãos de comunicação social europeus, em Bruxelas, o responsável pela pasta de 'Uma economia ao serviço das pessoas' explicou que, por essa razão, o executivo comunitário vai "nos próximos meses avançar com um plano de ação atualizado para o crédito malparado".
"A dívida dos privados também é um problema que temos de acompanhar de forma próxima e é exatamente isso que estamos a fazer", assegurou Valdis Dombrovskis.
Os empréstimos não vencidos -- ou NPL -- são empréstimos bancários que estão sujeitos a reembolso tardio ou que dificilmente serão reembolsados pelo mutuário, tanto privados como empresas.
Como o reembolso é dificultado em alturas de crises, em alguns países europeus foram criadas moratórias para adiar o pagamento das prestações, nomeadamente do crédito à habitação, visando evitar um incremento dos NPL.
Em Portugal, devido à crise económica provocada pela pandemia, estão em vigor empréstimos às empresas com garantias do Estado e uma moratória pública dos créditos bancários das famílias e empresas, recentemente prolongada até 30 de setembro de 2021.
Portugal é, inclusive, um dos países da UE e da zona euro com nível mais elevado de NPL, apenas superado pela Grécia e Chipre, sendo que o volume total de malparado tem vindo a diminuir acentuadamente.
Os dados mais recentes do Banco Central Europeu, relativos ao segundo trimestre de 2020, revelam que em junho passado o rácio de crédito malparado em Portugal era de 6,5%, só ultrapassado por 13,5% no Chipre e 30,3% na Grécia.
Questionada pela Lusa sobre a nova estratégia do executivo comunitário, uma porta-voz da Comissão Europeia para a área dos serviços bancários e financeiros explicou que, para Bruxelas, "é importante enfrentar os NPL de uma forma eficaz".
"Este tem sido e continuará a ser um objetivo fundamental e de longa data da nossa política financeira", acrescentou.
A mesma fonte acrescentou à Lusa que, "tirando lições da última grave crise económica, é imperativo abordar o mais cedo possível qualquer nova acumulação de NPL nos balanços dos bancos, tendo ao mesmo tempo em conta as questões de proteção do devedor, a fim de combater as implicações da pandemia".
Assim, o novo plano de ação será uma "combinação de ações políticas complementares" para evitar um pior cenário, que se centra então na "reestruturação, insolvência e enquadramento de recuperação de dívidas" e ainda no "desenvolvimento de mercados secundários para os NPL", adiantou a fonte comunitária à Lusa.
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