Pandemia acelera mudança para digital dos media

A pandemia acelerou a mudança para o digital e incentivou os 'publishers' a reformular as suas redações e a criar novos fluxos de receita, segundo um estudo da Reuters Institute for the Study of Journalism hoje divulgado.

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Lusa
07/01/2021 00:01 ‧ 07/01/2021 por Lusa

Economia

Covid-19

Estas são algumas das conclusões do relatório anual "Journalism, Media and Technology Trends and Predictions 2021" sobre as tendências e previsões para 2021 do jornalismo, media e tecnologia, da autoria de Nic Newman, assente num questionário a 234 presidentes executivos, editores e líderes digitais de 43 países.

Mais de três quartos (76%) dos inquiridos considera que a covid-19 "acelerou os planos para a transição digital, em termos de produção editorial, fluxo de trabalho e de mudança do modelo de negócio", refere o relatório.

Os principais 'publishers' "começam 2021 com planos para acelerar ainda mais a transição digital" e muitos "pretendem avançar com redações distribuídas e trabalho remoto, aumento da produção de 'fact checking' [verificação de factos] e de formatos explicativos" e fazer uma "mudança mais rápida para os modelos de negócio focados no leitor" e "aumento da velocidade de inovação".

Outra das tendências são redações distribuídas e um maior uso de ferramentas colaborativas.

Muitas empresas de media "descobriram que era possível criar jornais, 'websites' e até programas de rádio e televisão em quartos, salas e cozinhas" e este ano os 'publishers' "estão a procurar um sustentável modelo híbrido para as suas redações", prossegue o estudo.

"Muitos estarão a reduzir a ocupação de escritório, mas alguns temem que o trabalho remoto tenha tornado mais difícil manter as reações e comunicar de forma eficaz com a equipa", salienta o estudo.

A maioria (73%) afirma "estar confiante sobre as perspetivas da sua empresa" para este ano, com cerca de metade (53%) a manifestar-se confiante "sobre o futuro do jornalismo".

De acordo com o relatório, os 'publishers' "planeiam apostar em factos e especialização".

Apesar da perspetiva económica complexa, resultante do impacto da pandemia, a confiança nas empresas "permanece surpreendentemente forte (73%), enquanto a confiança no jornalismo de forma mais ampla aumentou ligeiramente de 46% para 53%", quando comparada com o estudo do ano passado, refere.

"A maioria dos líderes de media consideram que as informações não confiáveis sobre o coronavírus e outras questões ajudaram a fortalecer a posição do jornalismo (68%) em vez de enfraquecê-lo (22%)", acrescenta o estudo.

As preocupações manifestadas no estudo estão relacionadas com a desinformação, ataques a jornalistas e sustentabilidade financeira das publicações locais.

Apesar da crescente polarização e divisão social e muitos países, 88% dos entrevistados afirmam que "a imparcialidade jornalística continua maior que nunca". No entanto, quase metade (48%) considera que há algumas matérias "que não faz sentido ser neutro", lê-se no documento.

Já questionados sobre novas tecnologias, 69% considera que a inteligência artificial (IA) "terá um grande impacto no jornalismo nos próximos cinco anos, acima do 5G (18%) e novos dispositivos (9%).

No entanto, muitos consideram que a IA irá beneficiar os grandes 'publishers' e deixar outros de fora.

O estudo contou com 234 pessoas da Alemanha, Áustria, Austrália, Brasil, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Holanda, Itália, Índia, Noruega, Suécia e Reino Unido, entre outros, e foi realizado em dezembro.

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