Semicondutores fazem parte de quase todos os objetos à nossa volta
Semicondutores são a designação corrente para os circuitos integrados que permitem que os dispositivos eletrónicos que utilizamos, sejam telemóveis, micro-ondas ou elevadores, processem, armazenem e transmitam dados, fazendo parte de quase todos os objetos à nossa volta.
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"O termo semicondutores é usado hoje de forma abrangente para referir os circuitos integrados" e estes "são feitos, de facto, de material semicondutor e incluem milhões de transístores", explicou à Lusa o professor do Instituto Superior Técnico (IST) Marcelino Santos, especialista na área da microeletrónica.
No século passado, o termo semicondutores, disse, referia-se "a transístores discretos (individuais), antes da tecnologia dominante ser a dos circuitos integrados".
Atualmente, "os circuitos integrados fazem parte de quase todos os objetos à nossa volta que são alimentados por pilhas, baterias ou pela rede elétrica", explicou.
Os circuitos integrados podem ser analógicos, digitais, mistos e, atualmente, os mais frequentes são o SoC (System-on-Chip), em que todas as funcionalidades que anteriormente se combinavam numa placa de circuito impresso são hoje integradas na sua totalidade, "formando um sistema com capacidade de processamento, memória, interfaces analógico/digitais", entre outros, explicou o professor.
O transístor denominado MOS [Metal-Oxido-Semicondutor] "é o 'tijolo' que permite construir todos estes circuitos de uma forma integrada numa única pastilha de silício", que é o material semicondutor mais usado.
Este transístor está disponível no mercado de forma individual (para uso em circuitos discretos); em circuitos com funcionalidades específicas (que podem ser analógicos, digitais ou mistos); e em grandes SoC, que "implementam a funcionalidade necessária a um sistema complexo", onde se incluem os telemóveis, computadores, 'smart tv', relógios que não sejam mecânicos, micro-ondas, elevadores ou comandos de televisão, por exemplo.
Em suma, os semicondutores são circuitos integrados com milhões de transístores, os quais permitem que a tecnologia que atualmente existe funcione e implemente "funções tão extraordinárias que, se não a tivéssemos acompanhado de forma progressiva, consideraríamos magia".
Numa analogia, os circuitos integrados "são cidades que têm bairros diferentes, em que cada bairro é um subsistema dentro do circuito", referiu Marcelino Santos.
"É muito difícil pensar hoje em objetos que não tenham eletrónica alguma lá dentro e a eletrónica é feita com semicondutores", apontou.
"O que temos hoje são milhões de transístores dentro dos circuitos, são dispositivos ativos, são o 'tijolo' que permite construir tudo aquilo que vemos à nossa volta e que só poderia ser explicado quase por magia", afirmou.
Os primeiros circuitos integrados "eram calculadoras e tinham mil transístores" e, desde então, "evoluímos para 50 mil milhões" e é com isso que "construímos aquilo que seria equiparável a uma cidade", apontou.
"As pessoas não conseguem imaginar como seria o mundo se não existissem transístores, porque tudo à nossa volta foi tocado por um transístor", referiu o professor do IST e cofundador da Silicongate.
A título de exemplo, na compra de uma tinta para pintar a casa, embora esta não seja um produto tecnológico, todo o processo que antecedeu a sua entrada no mercado foi tocado pelos transístores -- quer na sua formulação num computador, nas ferramentas de 'software' para analisar a sua toxicidade, otimizar a plasticidade, entre outros.
"As pessoas não têm noção de como é que os transístores mudaram a vida delas, é uma revolução, não consigo comparar a nada a não ser, se calhar, ao fogo ou a roda" em termos de importância para a sociedade, disse.
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