"A previsão que temos este ano é de exportar 175 mil toneladas. Inicialmente, as previsões eram de 200 mil toneladas, mas foram revistas por causa do contexto da crise sanitária mundial, com o pressuposto de que havia menos procura. Revimos e estimamos em 175 mil toneladas", afirmou Tcherno Baldé.
Questionado pela Lusa sobre se a situação da pandemia na Índia foi tida em conta na revisão dos valores de exportação, o ministro explicou que apesar de não ser consumidora do caju guineense, a Índia processa e exporta a castanha da Guiné-Bissau.
"Mas estando confrontada com a pandemia, nós partimos do pressuposto de que haveria menos procura para exportação", disse, salientando, contudo, que os dados indicam que haverá possibilidade de ultrapassar as 175 mil toneladas devido à "dinâmica da campanha".
Apesar dos atrasos verificados no arranque da campanha, o ministro confirmou que os exportadores, nomeadamente indianos, vietnamitas e chineses, já estão no país.
"Foram tomadas certas medidas que permitiram desbloquear e a campanha está a ser bastante satisfatória", disse.
A castanha de caju da Guiné-Bissau, principal produto de exportação do país e do qual depende direta ou indiretamente mais de 80% da população guineense, está a ser comercializada entre 375 francos cfa (cerca de 0,57 euros) e 400 francos cfa (cerca de 0,60 euros) o quilograma.
Nas duas básculas existentes em Bissau, o preço varia entre os 400 francos cfa (cerca de 0,60 euros) e os 475 francos cfa (0,72 euros).
As básculas são o local onde o intermediário vende a castanha de caju ao exportador, que não pode comprar diretamente ao produtor.
Tcherno Djaló sublinhou que a exportação deverá arrancar dentro de dias.
"Já foi escoada muita castanha e em 29 dias já temos registadas em Bissau cerca de 96,4 mil toneladas, o que significa que a capacidade de armazenamento está quase saturada e isso diminui a procura para compra", disse.
"Como já emitimos licenças de exportação, com o início da exportação vai haver o descongestionamento dos armazéns e naturalmente a compra vai aumentar e conduzir à subida de preços", afirmou o ministro do Comércio e Indústria.
Sobre os atrasos verificados no arranque da campanha de comercialização, o ministro explicou que o Governo conseguiu chegar a um entendimento com o setor privado, após ter revisto e adiado a cobrança de novas taxas e impostos inscritos no Orçamento Geral do Estado.
"As novas leis foram adotadas para organizar e disciplinar a fileira de caju e com as novas leis introduziram-se novas taxas e impostos, mas como o país estava confinado não houve tempo para explicar e sensibilizar os atores da fileira dos propósitos dessas novas taxas", disse, justificando que, com o início da campanha, "descobriu-se os novos impostos o que provocou um bloqueio e a 'fuga' da castanha pelas fronteiras".
Após o recuo do Governo, tendo em conta o "contexto e a conjuntura internacional", foi assinado um acordo com o setor privado, o que "permitiu o arranque da campanha de caju", explicou o ministro.
"Quando a campanha vai, tudo vai, quando a campanha não vai, está tudo comprometido a nível das receitas do Tesouro Público, a nível dos rendimentos para a população, dos lucros para o setor privado, portanto, toda a gente fica com problemas quando a campanha vai mal", salientou Tcherno Djaló.
A Guiné-Bissau exportou em 2020 cerca de 154 mil toneladas de castanha de caju, menos 20,9% do que em 2019, e quase toda com destino à Índia, segundo um relatório da Agência Nacional de Caju (Anca).
De acordo com a agência, a diminuição do número de toneladas exportadas representou uma perda de 34 milhões de euros.
A diminuição da quantidade de castanha de caju exportada foi diretamente motivada pela pandemia provocada pelo novo coronavírus, nomeadamente devido ao impacto das medidas restritivas a nível nacional, mas também mundial.
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