Ataques Moçambique: É preciso atacar as causas subjacentes, afirma FMI
O diretor do departamento africano do Fundo Monetário Internacional (FMI) disse hoje que é preciso atacar as causas subjacentes ao conflito no norte de Moçambique e não apenas aumentar a despesa pública em gastos militares.
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"É importante lidar com o desafio de segurança, mas é preciso também, quando os países estão a enquadrar as políticas de desenvolvimento, olhar para as causas subjacentes ao conflito; nalguns casos mais despesa militar não é a única solução, é preciso atacar as causas do conflito, sejam elas principalmente políticas ou internas, ou consequências de conflitos noutros sítios", disse Abebe Aemro Selassie.
Falando no quarto Fórum sobre a Resiliência em África, durante o painel 'O nexo entre segurança, crescimento económico e investimento', no qual interveio também o ministro das Finanças de Moçambique, Selassie reforçou que "aumentar a despesa em segurança pode ser a primeira resposta política e económica, mas sem lidar com as causas subjacentes do conflito" não se consegue "andar para a frente".
Na explicação dos efeitos económicos dos conflitos, Selassie apontou que outro dos problemas, além das questões humanitárias, é que as receitas dos países diminuem ao mesmo tempo que as despesas sobem.
"Um dos desafios que os países enfrentam face aos montantes de receita que têm, que são limitados, é que quando têm desafios de segurança, a despesa pública disponível para o investimento desce ainda mais, e ao mesmo tempo é preciso aumentar a despesa militar, e isso limita a capacidade de apostar no desenvolvimento do capital humano, e é aí que o FMI entra", salientou.
O Fundo já apoiou 39 países em África durante o último ano e meio, o que é 13 vezes o montante normal, chegando a cerca de 30 mil milhões de dólares (25,6 mil milhões de euros), que se juntam aos 33 mil milhões de dólares (28,2 mil milhões de euros) que foram canalizados através da alocação de Direitos Especiais de Saque para o continente.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.
Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde agosto de 2020.
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