Bruxelas aconselha Portugal a "cautela na despesa pública"

O comissário europeu da Economia, em entrevista à agência Lusa, aconselha Portugal a ter "cautela na despesa pública" e a apoiar os investimentos públicos, em altura de pressão económica devido às tensões geopolíticas causadas pela guerra na Ucrânia.

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Lusa
02/03/2022 15:16 ‧ 02/03/2022 por Lusa

Economia

comissário europeu da Economia

 

"Penso que ter cautela na despesa pública e apoiar fortemente o investimento estratégico é o caminho a seguir e Portugal tem sido, nos últimos tempos, um bom exemplo deste ponto de vista", disse Paolo Gentiloni, quando questionado pela Lusa sobre os efeitos dos confrontos e das sanções europeias à Rússia em economias de países mais pequenos, como a portuguesa.

Em entrevista à agência Lusa e outros meios europeus, em Bruxelas, o comissário europeu da tutela da Economia sublinhou a "necessidade de ter aquilo a que se chama de posição orçamental globalmente neutra".

"Salientamos a necessidade de concentrar os orçamentos em não aumentar as despesas correntes, mas sim apoiar os investimentos públicos, e isto parece-me particularmente importante para os países com uma dívida relativamente elevada", assinalou Paolo Gentiloni.

"Penso que, para Portugal, isto significa continuar com uma política estratégica que tem sido seguida pelo Governo português desde há alguns anos, na tentativa de aumentar a competitividade do país através da inovação", reforçou o comissário europeu da Economia.

Para o político italiano, "esta tem sido uma das principais escolhas do governo de Lisboa no modelo de crescimento".

A posição surge numa altura em que a UE adota pesadas sanções à Rússia, como congelamento de ativos financeiros do regime russo, incluindo do Presidente, Vladimir Putin, a proibição de vários bancos russos usarem o sistema de transações financeiras Swift, a imposição de limites às exportações de certas matérias-primas, o corte da conceção de vistos e ainda o encerramento do espaço aéreo europeu a aeronaves russas.

O objetivo destas medidas restritivas é isolar a economia russa e cortar os fluxos de dinheiro que suportam a guerra que o Kremlin iniciou contra a Ucrânia, mas a Comissão Europeia admitiu hoje que tais sanções também pesarão na economia comunitária, prevendo maior inflação e subida nos preços energéticos.

A inflação tem vindo a atingir máximos e, em fevereiro, atingiu um novo recorde de 5,8% na zona euro, face aos 5,1% do mês anterior e aos 0,9% registados em fevereiro de 2021, segundo uma estimativa hoje divulgada pelo Eurostat.

Por estes dias, os valores dos preços da energia também batem máximos.

A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e mais de 660 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.

O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.

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