Líder da agência nuclear da ONU aterra na Rússia para dialogar 6.ª feira

O diretor-geral do órgão de vigilância nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU), Rafael Grossi, chegou hoje ao enclave russo de Kaliningrado, no mar Báltico, para dialogar com altos funcionários da Rússia.

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Lusa
31/03/2022 23:37 ‧ 31/03/2022 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) não especificou com quem Rafael Grossi se vai reunir na sexta-feira ou adiantou mais pormenores sobre a sua agenda, segundo uma publicação hoje no Twitter.

O diretor-geral da AIEA chegou hoje a Kaliningrado após ter estado na Ucrânia, onde visitou uma central nuclear e conversou com o ministro da Energia ucraniano, German Galushchenko, e outras autoridades sobre os esforços para garantir a segurança das centrais nucleares daquele país.

A Ucrânia tem atualmente 15 reatores nucleares ativos em quatro centrais -- uma das quais, em Zaporizhzhia, está sob o controlo militar russo.

As forças russas começaram a retirar-se da central nuclear de Chernobyl, que controlam desde os primeiros dias da invasão na Ucrânia, e do aeroporto de Gostomel, perto de Kyiv, revelou na quarta-feira fonte do Departamento de Defesa dos Estados Unidos.

De acordo com um alto funcionário do Pentágono, o Exército russo começou a retirar-se do aeroporto de Gostomel, a noroeste de Kyiv, e está a reposicionar-se de Chernobyl, deslocando-se para a Bielorrússia.

"Entendemos que estão a sair, mas não consigo dizer se estão todos a ir embora", acrescentou a mesma fonte, citada pela agência France Presse (AFP) e que falou sob a condição de anonimato.

Desde 09 de março que a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) deixou de receber dados diretamente da central nuclear onde ocorreu em 1986 o maior acidente radioativo da história.

Ainda no domingo, a agência das Nações Unidas voltou a manifestar preocupação com a falta de rotatividade dos funcionários desta central desde 20 de março.

A agência para o nuclear da ONU indicou na terça-feira que o seu diretor-geral está na Ucrânia para discutir com responsáveis do governo a disponibilização de "assistência técnica urgente" para garantir a segurança das instalações nucleares do país.

Desde o início da ofensiva militar russa, há mais de um mês, Rafael Grossi tem alertado para os perigos desta guerra, a primeira num país com uma grande capacidade nuclear - 15 reatores em quatro centrais em atividade e vários depósitos de resíduos nucleares.

As forças russas controlam ainda a maior central nuclear da Europa, em Zaporijia.

O porta-voz do Pentágono, John Kirby, tinha revelado que "menos de 20%" das forças russas cujo avanço na região em torno de Kyiv foi impedido pelo Exército ucraniano "começaram a reposicionar-se em direção à Bielorrússia".

"Estimamos que se estão a reposicionar na Bielorrússia. Não temos um número exato, mas esta é nossa estimativa preliminar", acrescentou John Kirby em conferência de imprensa.

O responsável norte-americano alertou que as palavras da Rússia sobre uma desescalada em torno de Kyiv ainda não estão a ser cumpridas.

O porta-voz do Pentágono explicou que para os Estados Unidos estas movimentação não significam uma retirada, mas uma tentativa da Rússia em reabastecer e reposicionar as suas tropas.

O diretor de comunicação do Departamento de Defesa norte-americano lembrou que Rússia estabeleceu como meta priorizar a região do Donbass, no leste ucraniano.

A Rússia também anunciou, após conversações na terça-feira com negociadores ucranianos em Istambul, que iria reduzir as suas atividades em torno de Kyiv e Chernihiv num gesto para aliviar a pressão e ajudar as conversações a encaminhar-se para um acordo.

Apesar da intenção de desescalada manifestada por Moscovo, o governador de Chernihiv, Viacheslav Chaus, disse esta quarta-feira que os ataques russos contra as infraestruturas civis continuaram durante a noite.

Leia Também: "Ninguém está a salvo" da ameaça nuclear, diz Zelensky na Austrália

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