Timor-Leste: Díli celebra 20º aniversário da restauração da independência

 A poucos dias dos 20 anos da restauração da independência de Timor-Leste, bandeiras do país de todos os tamanhos são agora o principal negócio para os vendedores de rua que se espalham pela capital.

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Lusa
16/05/2022 08:17 ‧ 16/05/2022 por Lusa

Economia

Timor-Leste

Nas estradas principais do centro, como em vários bairros, brigadas de miúdos, jovens e adultos amontoam-se no passeio a vender bandeiras para hastear, mais pequenas para colocar nos carros ou acenar e até tatuagens temporárias, com as cores nacionais.

Já se tornou habitual que, anualmente, pelo 20 de maio -- ou perto do 30 de agosto, data do referendo de 1999 de independência -- as bandeiras de Timor-Leste encham as ruas.

Também o Governo investiu nas cores nacionais, colocando centenas de postes de bambu com triângulos pretos, vermelhos, brancos e amarelos -- cores da bandeira -- a decorar as principais ruas no centro, nas imediações do aeroporto e no acesso a Tasi Tolu, onde na noite de quinta-feira toma posse o novo Presidente da República, José Ramos-Horta.

Em Tasi Tolu equipas de dezenas de funcionários estão a concluir os preparativos para esse momento, com o recinto a ser totalmente transformado, com várias tribunas em ferro, também decoradas com as cores nacionais, e milhares de cadeiras para convidados.

A decoração nacionalista não é o único sinal de que o país se aproxima da festa, marcada este ano pelas visitas de várias individualidades internacionais, incluindo o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, que chega a Díli a 19 de maio.

Há várias semanas que equipas andam a pintar linhas nas estradas e passadeiras de peões, a reparar iluminação pública, limpar parques e a tapar buracos, no que é, na prática, a primeira intervenção em grande escala na cidade, em vários anos.

Durante os últimos anos evidenciou-se uma regressão na qualidade da vida pública de Díli, cidade que parece crescer diariamente, com populações migrantes de outros municípios a ocupar terrenos e a construir habitações, muitas vezes sem condições adequadas, ajudando ao processo de quase 'favelização' de muitos bairros.

Mesmo as zonas mais emblemáticas da cidade, como a Avenida de Portugal -- a zona das embaixadas -- ou os espaços dos parques de Lecidere ou da praia do Cristo Rei mostram graves danos, com intervenções públicas mínimas.

A crescente população, o aumento significativo do trânsito devido à melhoria do poder de compra de carros e motas privadas e a quase ausência de manutenção regular, estão a contribuir para agravar a mobilidade na capital timorense.

Somam-se as construções e ocupações ilegais de terrenos públicos, a proliferação de pequenos negócios desregulados e as carências estruturais de algumas estradas e da drenagem.

Venda de peixe e de galos vivos nos passeios em estradas principais, negócios de vendas de pedras de coral nas estradas principais e a destruição de valetas para residentes colocarem canos -- e que depois nunca são reparadas -- criaram problemas para peões e motoristas.

Restaurantes montados nas praias -- sem que o lixo produzido seja recolhido - e até o regresso de animais -- desde vacas a porcos -, que chegaram a ser proibidos nas zonas urbanas no passado, intensificam os problemas.

Depois de ao longo de vários anos as autoridades terem introduzido regras mais apertadas para controlar os negócios desregulados, nos últimos anos a situação reverteu-se e a cidade parece mais em autogoverno dos cidadãos do que propriamente ao sabor da vontade da administração.

Mesmo as vias mais emblemáticas da cidade, como as mais próximas da costa, têm agora buracos, zonas com passeios danificados, e alguns em situação perigosa, obrigando peões a circular pela estrada.

Somam-se 'tradições' mais antigas, como o fecho de ruas públicas para velórios ou festas privadas, estacionamentos em duplas filas, e até corridas de motas em alguns bairros, e a outrora pacata vida da capital, torna-se em alguns momentos, muito mais frustrante para quem nela habita.

Pelo menos nestes dias, porém, Díli está a ficar com a cara mais lavada, engalanada com a 'roupa de domingo' para a festa que recorda esse momento histórico, a 20 de maio de 2002, em que Timor-Leste se tornou o mais jovem país do mundo.

Leia Também: Timor-Leste. Ana Gomes defende que crises do Estado explicam dificuldades

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