"Após uma forte recuperação em 2021, o Produto Interno Bruto (PIB) real deverá crescer 2,6% em 2022 e 1,6% em 2023. O crescimento deverá ser significativamente amortecido no primeiro semestre de 2022 pela guerra na Ucrânia e pelos confinamentos na China", assinala o relatório com as previsões económicas mundiais divulgado hoje.
A OCDE destaca que o aumento dos preços do petróleo devido ao embargo ao petróleo russo deverá enfraquecer o ritmo da recuperação em 2023.
"A economia da zona euro mostra sinais de enfraquecimento. O crescimento do PIB estagnou em 0,3% (não anualizado) no primeiro trimestre de 2022, com uma considerável divergência entre países", refere o relatório, salientando que os indicadores apontam para fraqueza contínua no segundo trimestre de 2022, principalmente devido à guerra na Ucrânia.
A OCDE explica que estes fatores estão também a impulsionar ainda mais a inflação, com impacto no consumo das famílias e na elevada incerteza, salientando que, apesar do crescimento salarial relativamente robusto, o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) subirá para 7% este ano e 4,6% em 2023.
Estima ainda que a inflação 'core' se situe em 3,8% este ano e 4% em 2023.
Para a organização com sede em Paris tal levará a uma contração do rendimento disponível real em 2022 e apenas a um crescimento modesto em 2023.
"Isso irá pesar sobre o consumo privado, mas será parcialmente compensado por mais quedas nas taxas de poupança das famílias", aponta.
A OCDE assinala ainda os riscos associados às projeções, nomeadamente o choque contínuo dos preços da energia e que as interrupções no fornecimento das cadeias podem piorar.
Já os riscos para a inflação são ascendentes, especialmente no caso de uma grave interrupção na oferta do gás ou através de um crescimento salarial mais forte.
A OCDE destaca que as medidas orçamentais estão a apoiar empresas e consumidores face aos aumentos dos preços da energia e ainda que, embora muito diferente na zona euro, a orientação orçamental deverá ser globalmente neutra em 2022, com uma consolidação moderada em 2023.
Para a OCDE, na ausência de orientações europeias comuns, as medidas tomadas não são igualmente bem concebidas e orientadas para toda a zona euro, "o que poderá reduzir a sua eficácia e possivelmente criar distorções na concorrência".
"Além disso, o conflito em curso na Ucrânia desencadeou um aumento nos gastos militares em muitos países e um aumento no investimento relacionado à energia para fortalecer a diversidade de fontes de energia. Esta independência energética reforçada irá exigir investimentos nacionais e europeus em infraestruturas energéticas", assinala, considerando que eventualmente uma "reforma ambiciosa" do quadro orçamental europeu será necessária.
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