"Estamos melhor do que o plano, com a recuperação do tráfego e com a 'yeald' [rendimentos] a mostrar uma boa 'performance'", afirmou a gestora, em conferência de imprensa, na sede da TAP, em Lisboa, a propósito dos resultados do segundo trimestre e do primeiro semestre, divulgados esta manhã.
Os prejuízos da TAP S.A. diminuíram no primeiro semestre deste ano para 202,1 milhões de euros, face ao valor negativo de 493,1 milhões de euros obtido em igual período do ano passado, enquanto no segundo trimestre a companhia aérea registou uma redução de 37,2% nos prejuízos, para um resultado negativo de 80,4 milhões de euros, face aos 128,1 milhões obtidos em igual período do ano anterior.
"Isto é algo que nos deixa contentes, mas somos conscientes, a indústria foi surpreendida com a recuperação, com grande procura, [...] Estamos cautelosamente otimistas", salientou Christine Ourmières-Widener.
A presidente executiva da transportadora apontou que uma gestão "só pode ser julgada pelos resultados que apresenta". "Eu penso que estamos a apresentar bons resultados, [...] espero que hoje não haja dúvidas que a gestão da TAP está a fazer um bom trabalho", frisou.
Questionada sobre as 18 faixas horárias no aeroporto de Lisboa que teve de entregar à easyJet, a presidente da Comissão Executiva disse que o contrato com a companhia aérea de baixo custo foi assinado no início de agosto e que a época de inverno foi desenhada com esta questão em consideração.
Já sobre as reivindicações de sindicatos para que sejam revertidos os acordos de emergência que permitiram aplicar cortes salariais, Christine Ourmières-Widener disse que "é completamente impossível pensar que se pode reverter" os acordos assinados há cerca de um ano.
Um dos temas de contestação por parte dos sindicatos é também o recurso da contratos ACMI (aluguer de aviões com tudo incluído - Aircraft, Crew, Maintenance e Insurance - avião, pessoal, manutenção e seguros), que a gestora classificou como uma "prática clássica da indústria", e que, no caso concreto da transportadora portuguesa, têm como objetivo colmatar atrasos na entrega de aviões da Embraer.
Quanto ao negócio de manutenção e engenharia no Brasil (ME Brasil), que a TAP decidiu encerrar, o administrador financeiro adiantou que, atualmente, a empresa já não é operacional, tendo menos de 20 trabalhadores e encontrando-se em fase de liquidação de dívidas que advêm do fecho da operação, pelo que não terá impacto negativo nas contas futuras.
Desde o início da aplicação do plano de reestruturação, a TAP disse ter já poupado 137 milhões de euros em renegociação de contratos com fornecedores, esperando aumentar aquele valor até ao final do ano.
Relativamente às expetativas para os resultados deste ano, a gestão disse estar confiante de que irá "reportar resultar operacionais acima do que estava previsto" no plano aprovado pela Comissão Europeia, apesar da incerteza geopolítica, da inflação, da valorização do dólar e de problemas em aeroportos europeus que podem afetar a sua operação.
À lista de contratempos, junta-se também o custo do combustível, que foi de 400 milhões de euros, no primeiro semestre, 3,5 vezes superior ao do mesmo período do ano anterior, esperando a companhia gastar cerca de 1.000 milhões de euros em 'jet fuel' este ano.
Por fim, relativamente à solução aeroportuária para a região de Lisboa, cuja atual capacidade é também um problema para as companhias aéreas, Christine Ourmières-Widener reiterou a expectativa de que haja uma decisão quanto à localização em breve. "Como é que se planeia para um aeroporto que ainda não está decidido?", frisou.
[Notícia atualizada às 13h07]
Leia Também: TAP. Prejuízos da companhia baixam para 202,1 milhões no 1.º semestre