"O resultado de todas as ações [apresentadas pela Comissão Europeia] é que estamos a salvo para este inverno e que a chantagem da Rússia falhou. No entanto, algumas das nossas propostas ainda estão em discussão e são essenciais [...] porque a preparação para o próximo inverno de 2023-2024 começa agora", declarou Ursula von der Leyen, em conferência de imprensa, em Bruxelas.
Falando ao lado do diretor executivo da Agência Internacional de Energia, Fatih Birol, no dia em que é apresentado um relatório com perspetivas para o fornecimento de gás da UE em 2023, a líder do executivo comunitário apontou que, "a médio prazo, é necessário acelerar" investimentos em energia limpa, gerada sem a emissão de poluentes, como a solar, eólica e hídrica, por exemplo.
Dados do executivo comunitário revelam que, apesar das medidas para enfrentar a atual crise energética, a UE ainda poderá ter uma diferença de até 30 mil milhões de metros cúbicos de gás no inverno do próximo ano, razão pela qual tenta diversificar já o seu cabaz energético.
"Trabalharemos na criação de um fundo soberano para assegurar que a Europa continua a ser líder mundial em tecnologias limpas", anunciou Ursula von der Leyen.
A responsável salientou que a UE deve "ajudar a indústria neste ambiente de elevados preços de energia para fazer a transição para uma energia limpa e 'verde', que seja acessível e segura".
"Por conseguinte, este financiamento é necessário. O nosso trabalho tem sido bom este ano e vemos o que já alcançámos, mas sabemos que não terminámos o nosso trabalho até que as famílias e empresas da União Europeia tenham acesso a energia que seja acessível, que seja segura", reforçou a presidente da Comissão Europeia.
Em 2022, a UE registou melhores condições para a produção de energia eólica e solar, esperando Bruxelas que o mesmo aconteça no próximo ano, permitindo substituir cerca de 12 mil milhões de metros cúbicos de gás por fontes renováveis.
Ursula von der Leyen admitiu uma "revisão intercalar do orçamento" comunitário de 2023 para "abrir a porta à criação de um fundo soberano", que, de acordo com a responsável, "certamente não seria apenas alimentado pelos fundos europeus existentes e em vigor, mas teria também de ser aumentado por outras fontes" a médio prazo.
"Com as políticas corretas em vigor, podemos até duplicar a capacidade de energia renovável que adicionamos ao mercado no próximo ano", concluiu a líder do executivo comunitário.
As tensões geopolíticas devido à guerra na Ucrânia têm afetado o mercado energético europeu porque a UE ainda depende dos combustíveis fósseis russos como o gás (apesar de ter reduzido as importações por gasoduto de 40% para menos de 10%), temendo cortes e perturbações no fornecimento este inverno.
O abastecimento de gás russo por gasodutos à UE caiu 80% em setembro deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado.
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