Apesar da "situação grave" de seca, Portugal está "melhor do que 2022"

Contudo, algumas zonas do país têm "territórios que estão em stress hídrico", nomeadamente o barlavento algarvio, o Alentejo e o litoral alentejano.

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Notícias ao Minuto
15/05/2023 23:20 ‧ 15/05/2023 por Notícias ao Minuto

País

Seca

O ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, realçou, esta segunda-feira, que Portugal tem, neste momento, mais água do que tinha no período homólogo em 2022, apesar da "situação grave" de seca que está a assolar o país.

"É uma situação grave, apesar de estarmos numa situação melhor do que o ano passado. A Agência Portuguesa do Ambiente monitoriza 80 albufeiras a nível nacional e, se olharmos para a média dos dados [das albufeiras], temos 80% da capacidade", começou por dizer, em declarações à RTP 3.

O responsável realçou, contudo, que algumas zonas do país têm "territórios que estão em stress hídrico", nomeadamente o barlavento algarvio, o Alentejo e o litoral alentejano.

"Estamos a fazer um pacote de investimentos estruturais em várias zonas do país, no Algarve também. A média histórica diz-nos que temos mais água no barlavento do que no sotavento. Este ano, é o contrário – e já o ano passado também o era. Esta realidade que estamos a viver perspetiva-se como algo que vai ser normal; perspetivamos que vamos ter no futuro menos 15% de precipitação do que temos hoje", salientou.

Na mesma linha, Duarte Cordeiro deu conta de alguns investimentos na zona do Algarve, entre eles o "reforço da interligação que permite passar mais água do sotavento para o barlavento e vice-versa, uma dessalinizadora, ir buscar água da Barragem de Odeleite, e medidas de eficiência na utilização da água, que correspondem a 200 milhões de euros", investimentos estes que serão também aplicados no litoral alentejano e no Alentejo, na zona do Tejo e das ribeiras do Oeste, na zona centro do país, nomeadamente Viseu, e em Trás-os-Montes.

"Estamos com água acima da média histórica na generalidade do país; Portugal tem 80% de capacidade do ponto de vista das suas albufeiras, enquanto Espanha só tem 49%. Por esta altura, o ano passado, Portugal não tinha 80%, tinha 65%. Estamos com mais água do que o ano passado, e temos bastante mais do que têm os nossos vizinhos espanhóis", disse, ressalvando que, caso seja necessário, poderão ser aplicadas medidas proibitivas em relação à água "a qualquer altura".

Contudo, o responsável indicou que, no futuro, será necessário "adaptar o modelo de desenvolvimento das nossas regiões à água que vamos ter".

"Não vale a pena considerar projetos de desenvolvimento económico e agrícola quando não vamos ter água para esses projetos", apontou.

O ministro considerou ainda que, este ano, há um risco elevado de incêndio em Portugal devido às três ondas de calor que se fizeram sentir em abril, salientando que, "por mais preparado que o país esteja, temos de ter em consideração que as alterações climáticas e os fenómenos extremos são sempre muito complexos e difíceis de combater".

"Hoje, a eficácia do combate é muito superior ao que era; Sabemos que há uma pequena percentagem das ignições no nosso país geram incêndios de grandes proporções. O problema é que, quando acontece um, obviamente que tem um impacto muito significativo", disse.

De notar que, no domingo, a ministra da Agricultura e Alimentação, Maria do Céu Antunes, disse ter assinado o despacho que reconhece a situação de seca em 40% do território nacional, no sul do país, depois de a tutela ter recebido os dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) a atestar "que nos últimos dois meses não houve chuva", se registaram "três ondas de calor durante o mês de abril" e têm estado "temperaturas médias e máximas bem acima do normal".

Na verdade, a situação de seca meteorológica agravou-se em Portugal continental no mês de abril, estando 89% do território continental em seca, 34% da qual em seca severa e extrema, segundo o último boletim climatológico do IPMA.

Em um mês, a área em seca em Portugal continental quase duplicou em relação a março, quando era de 48%. No fim do mês passado, 33,2% do território estava em seca moderada, 22% em seca fraca, 19,9% em seca severa, 14,1% em seca extrema e 10,8% normal.

Em abril do ano passado, todo o território de Portugal continental já estava em situação de seca, a maior parte em seca moderada (87,2%).

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