O presidente da Comissão Executiva da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, manifestou expectativa de que o Banco Central Europeu (BCE) possa descer as taxas de juro já em junho, admitindo que essa "tendência" se deverá manter ao longo ano, mas ressalvando que esse é um futuro ainda "incerto".
"Acho que, de acordo com a informação que tem vindo a ser divulgada, acho que há uma expectativa, que se pode concretizar, de, em junho, termos uma baixa da taxa de juro", começou por dizer Paulo Macedo, numa entrevista à CNN Portugal, transmitida esta segunda-feira.
"O próprio governador do Banco de Portugal também já emitiu essa opinião e também me parece que se justifica face aos números que são conhecidos da inflação e, por outro lado, por uma coisa que todos nós sabemos que é muito importante, que são as expectativas dadas ao mercado e aos investidores", acrescentou, referindo que seria lançada "mais alguma confusão se essa descida não se realizasse".
O presidente da Comissão Executiva da CGD admitiu que outra coisa "mais duvidosa" e "incerta" são os "outros movimentos que vão acontecer durante o ano", mas disse acreditar que a "tendência" será de descida.
"Acredito que a tendência será essa, até porque a inflação vai nesse sentido. Portanto, a menos que haja algum evento ainda mais extraordinário do que os que têm acontecido, será essa e justifica-se perfeitamente porque a inflação na Europa está a baixar e os números vão nesse sentido", apontou, frisando ainda que "a Europa precisa de investir e de taxas de juro mais baixas".
Paulo Macedo reconheceu que esta descida das taxas de juro irá afetar a rentabilidade dos capitais da banca, mas ressalvou: "Vai afetar, com certeza haverá menos proveitos, mas também lembro que a banca e designadamente a CGD, quando as taxas de juro eram negativas também deu resultados positivos".
"Os proveitos vão ser menores e isso vai-se sentir gradualmente", admitiu, reforçando a importância da "gestão rigorosa dos custos".
Recorde-se que na reunião de política monetária de 10 e 11 de abril, o conselho do BCE decidiu manter as taxas de juro inalteradas pela quinta vez consecutiva, mas começou a preparar terreno para uma possível descida em junho se a inflação continuar a sua dinâmica de descida.
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