Maria Luís quer União Bancária contra "ciclo vicioso" em Portugal

A comissária europeia indigitada por Portugal, Maria Luís Albuquerque, defendeu hoje o reforço da supervisão e resolução bancárias na União Europeia (UE) através da União Bancária, após o "ciclo vicioso" em Portugal com o BES, BPN e Banif.

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Lusa
06/11/2024 10:59 ‧ há 3 semanas por Lusa

Economia

Comissão Europeia

"Gostaria de dizer que os depositantes foram protegidos nas situações bancárias em Portugal. Nós encontrámos, em 2011, um setor financeiro numa situação muitíssimo dramática e, aliás, é também por isso que eu sou tão defensora da União Bancária, porque a União Bancária nos permite criar instrumentos que impedem o contágio entre soberano e setor bancário", declarou a indigitada para a pasta dos Serviços Financeiros e União da Poupança e Investimento, falando no Parlamento Europeu, em Bruxelas.

 

Questionada pela eurodeputada bloquista Catarina Martins referente às quedas do BES, BPN e Banif quando era ministra portuguesa das Finanças, Maria Luís Albuquerque vincou ser "muito importante que se quebre esse ciclo vicioso que tão tanto prejudicou o país no passado".

Na sua intervenção, a parlamentar do BE qualificou o percurso de Maria Luís Albuquerque como um "caso exemplar de portas giratórias ou da raposa a tomar conta do galinheiro", nomeadamente por ter feito de Portugal "cobaia da Europa na resolução do BES, que disse que não custaria um cêntimo aos contribuintes portugueses, e custou 8.000 milhões".

Além disso, "ofereceu o BPN e pôs o país a pagar o buraco" e "presidiu à venda de ativos do Banif quando era um banco público à Arrow e depois foi trabalhar para a Arrow, um cargo que acumulou com as funções de deputada".

"Agora estava a trabalhar para a Morgan Stanley e quer vir para a Comissão trabalhar em dossiês em que a Morgan Stanley é interessada, pelo que pergunto se há limite para o conflito de interesses e já se sabe, para que banco vai trabalhar a seguir", questionou ainda Catarina Martins.

Em resposta, Maria Luís Albuquerque lembrou que desempenhou funções não executivas na gestora de fundos europeia Arrow Global e no banco mundial Morgan Stanley e apontou que, tanto no caso dos bancos como outros mencionados por Catarina Martins (sobre REFER e ANA), todas "as operações foram consideradas realmente válidas pelas entidades competentes".

"Quanto à oportunidade que agora tenho de novamente servir, o interesse público é algo pelo qual eu estou grata", salientou.

João Oliveira, eurodeputado do PCP, questionou a comissária nomeada por Portugal sobre os riscos da uma União Bancária, afirmando que essa é uma opção que dará mais poder aos banqueiros e irá promover uma maior concentração da riqueza e defendendo que em Portugal "se viu o resultado dessas opções com o escândalo do BES".

Ao deputado português, Maria Luís Albuquerque respondeu afirmando que, se houvesse, na altura, uma união bancária e um enquadramento para uma resolução bancária a nível europeu ter-se-ia evitado o recurso ao dinheiro dos contribuintes portugueses para suportar a resolução do BES.

Nesta audição, Maria Luís Albuquerque foi ainda questionada pela eurodeputada do PSD Lídia Pereira, que perguntou à antiga governante "como pretende reduzir a carga regulatória sobre as empresas europeias, nomeadamente as empresas do setor financeiro".

A comissária europeia nomeada por Portugal concordou que a União Europeia tem sim "um excesso de burocracia", pelo que irá fazer a sua "parte", desde logo "corrigindo muitas das sobreposições e inconsistências existentes na legislação".

A comissária europeia nomeada por Portugal para a pasta dos Serviços Financeiros, Maria Luís Albuquerque, é hoje ouvida pelos eurodeputados da tutela (da comissão parlamentar dos Assuntos Económicos e Monetários, em conjunto com as comissões do Mercado Interno e a da Proteção dos Consumidores e das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos) para ter aval do Parlamento Europeu.

Leia Também: Maria Luís Albuquerque garante "estabilidade do sistema financeiro"

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