O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na quarta-feira a suspensão por 90 dias da aplicação das novas taxas aduaneiras a mais de 75 países, enquanto decorrem negociações comerciais, nomeadamente à União Europeia (UE). Os mercados estão já a aplaudir esta decisão, sendo que a bolsa de Lisboa até abriu a disparar mais de 5% esta quinta-feira.
"Passo importante para estabilizar a economia mundial"
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, saudou o anúncio de suspender temporariamente as novas tarifas recíprocas como as aplicadas à UE, esperando a estabilização da economia mundial.
"Congratulo-me com o anúncio do Presidente Trump de suspender as tarifas recíprocas. Trata-se de um passo importante para estabilizar a economia mundial. Condições claras e previsíveis são essenciais para o funcionamento do comércio e das cadeias de abastecimento", reagiu a líder do executivo comunitário numa declaração publicada.
Para a presidente da instituição que detém a competência da política comercial da UE, "as tarifas são impostos que só prejudicam as empresas e os consumidores", pelo que Bruxelas "continua empenhada em negociações construtivas" com Washington, tendo já proposto, sem sucesso, um acordo pautal zero entre a União Europeia e os Estados Unidos.
A ambição é, de acordo com Ursula von der Leyen, conseguir trocas comerciais "sem atritos e mutuamente benéficas".
Bolsas 'respiram' após fortes perdas
Nos últimos dias, as bolsas de valores por todo o mundo têm registado acentuadas perdas devido às tensões comerciais após os anúncios da administração norte-americana.
A bolsa de Tóquio encerrou hoje a ganhar mais de 9%, animada pela decisão do Presidente dos EUA, Donald Trump, de suspender durante três meses a maior parte das tarifas impostas a dezenas de parceiros comerciais.
Por cá, a bolsa de Lisboa abriu hoje em terreno positivo, com o índice PSI (Portuguese Stock Index) a subir 5,31%, para os 6.586,07 pontos.
De acordo com a Comissão Europeia, as tarifas de 25% aplicadas às exportações dos Estados Unidos terão um valor de mais de 22 mil milhões de euros, de acordo com as importações feitas em 2024 para os países do bloco comunitário. Porém, no total o valor poderá ascender aos 26 mil milhões de euros, equiparando as consequências das tarifas que Washington aplicou aos 27 países do bloco comunitário.
A UE quer negociar tarifas zero com os Estados Unidos para bens industriais, mas até ao momento tal proposta não foi aceite pelo bloco norte-americano.
De momento, o executivo comunitário não exclui qualquer resposta, mas vai reger-se pela cautela para avaliar as consequências possíveis destas tarifas, enquanto continua a negociar com Washington para tentar demover a administração do republicano Trump.
A decisão da Casa Branca de aplicar as tarifas ao bloco comunitário também acelerou a agenda da Comissão Europeia de procurar outros parceiros, estando a Comissão Europeia a focar-se nos 87% do comércio mundial sem os Estados Unidos e em parceiros como o Mercosul ou a Índia.
Suspensão (por agora) aplica-se a 75 países
Donald Trump anunciou na quarta-feira a suspensão por 90 dias da aplicação das taxas a mais de 75 países, enquanto decorrem negociações comerciais. Porém, com a China a questão mantém-se.
O dirigente afirmou que "mais de 75 países chamaram representantes dos Estados Unidos, incluindo os Departamentos do Comércio, do Tesouro e o USTR [Escritório do Representante de Comércio dos EUA], para negociar uma solução para os assuntos que estão a ser discutidos em relação ao comércio, barreiras comerciais, tarifas, manipulação de moeda, e tarifas não monetárias".
Trump tinha anunciado, na semana passada, o agravamento das taxas sobre as importações para os Estados Unidos oriundas de 184 países e territórios.
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