Na conferência de imprensa de apresentação das Perspetivas Económicas e Orçamentais 2025-2029, onde o CFP prevê um saldo orçamental nulo este ano e um regresso aos défices em 2026, a responsável deixou o alerta de que se projeta uma deterioração do saldo que se deve a "um conjunto de medidas políticas que foram adotadas".
"Estas medidas foram adotadas por vários atores políticos, algumas pelo Governo e outras pelo parlamento, nomeadamente na discussão do Orçamento do Estado", salientou, apontando que estas medidas "tiveram um objetivo, no sentido de reforçar um conjunto de políticas sociais do Estado".
Estas opções políticas são legítimas, assegurou, mas têm impacto e um efeito orçamental, quer na despesa quer em termos de saldo e na dívida pública.
Assim, avisou que a margem para fazer mais medidas de política está a reduzir-se, existindo apenas "margem para tentar encontrar políticas de compensação".
Neste cenário de politicas invariantes, "os números indicam que o mini ciclo de excedentes orçamentais pode estar terminado", reforçou, salientando que o alerta que o CFP tem de fazer para o próximo Governo é para o "perigo de ter uma inflexão na trajetória da dívida pública".
"Se de repente estes saldos primários se tornam negativos, se de repente há desaceleração do crescimento da economia e aí termos inflexão na trajetória da dívida pública, isso seria preocupante, porque significaria uma deterioração da situação financeira", com impacto nos custos de financiamento, salientou, já que "afeta o perfil de risco da dívida soberana".
Há também a preocupação de que há "menos margem para fazer face a inversão do ciclo económico", avisou Nazaré da Costa Cabral, na conferência de imprensa em Lisboa.
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