China "não pode tolerar" acusações ao seu investimento no Reino Unido

A China "não pode tolerar" as acusações de que o seu investimento numa central nuclear no Reino Unido ameaça a segurança daquele país, afirmou na segunda-feira a imprensa oficial, após Londres ter decidido suspender o projeto.

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Lusa
02/08/2016 09:48 ‧ 02/08/2016 por Lusa

Economia

Negócio

Pequim concordou em ficar com uma participação de um terço na central nuclear a ser construída pela gigante francesa EDF em Hinkley Point C, no sudoeste da Inglaterra.

O negócio foi anunciado durante a visita oficial do Presidente chinês, Xi Jinping, ao Reino Unido em outubro como parte da "era dourada" nas relações bilaterais, promovida pelo então primeiro-ministro britânico David Cameron e o ministro das Finanças George Osborne.

A nova administração britânica, liderada por Theresa May, anunciou, entretanto, a suspensão do projeto.

A decisão "traz incertezas à 'era dourada' nas relações entre a China e o Reino Unido", afirmou a agência oficial Xinhua, num comentário assinado pelo jornalista Tian Dongdong, que acrescenta que o futuro investimento chinês no país poderá ser suspenso, "a menos que aquele projeto avance".

Apesar da tensão e aberta animosidade registadas na década de 1990 sobre a transferência da soberania de Hong Kong - e da histórica "humilhação" causada pela sempre lembrada Guerra do Ópio - o Reino Unido é hoje o principal destino do investimento chinês na Europa.

Receios de que a China "crie condições", durante a construção, para controlar infraestruturas chave, "são infundadas e têm um toque de ficção científica", refere Tian.

"A China espera que um governo britânico racional tome decisões responsáveis, mas não pode tolerar qualquer acusação contra a sua vontade sincera e benigna de procurar uma cooperação de benefício mutuo", acrescenta.

Vince Cable, antigo membro do governo britânico que trabalhou com May quando esta ocupava o cargo de ministra do Interior, afirmou à imprensa que a nova chefe do executivo britânico estava "preocupada" com o investimento chinês.

"A maioria dos países ocidentais, e certamente os EUA, adotam uma visão geopolítica muito mais cética e estão preocupados com a aproximação a um governo com uma ideologia muito diferente, que potencialmente trará problemas sérios no futuro", referiu Cable.

O Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, lembrou hoje em editorial que "a ideologia não é mais um obstáculo nas relações bilaterais", afirmando que "May não tem motivos para arrefecer as relações entre os dois países".

Nos últimos anos, a China foi dos países que mais investiu em Portugal, comprando participações em grandes empresas das áreas da energia, seguros, saúde e banca, e tornou-se também um mercado de crescente importância para as exportações portuguesas.

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