Universo japonês de gyotaku inspira nova coleção de Luís Buchinho
Luís Buchinho apresentou, hoje, na Semana da Moda de Paris, a sua nova coleção inspirada nas gravuras japonesas Gyotaku que descreve como "muito esguia, com um movimento veloz e uma textura aquática".
© Global Imagens
Lifestyle Semana da moda
As gravuras Gyotaku - um método tradicional japonês que os pescadores usavam para reproduzir os peixes que capturavam -- foram o pretexto para o criador testar as possibilidades dos tecidos e da imaginação.
Luís Buchinho explicou à Lusa que na impressão Gyotaku, de meados do século XIX, os pescadores punham tinta num peixe, passavam papel de arroz e ficavam com a impressão quase fotográfica da sua pesca.
Foi esse efeito que ele quis obter no grafismo da sua coleção, quer através de 'prints', com uma alusão direta aos 'Gyotaku', quer recorrendo a esse "processo de quase decalque que existe quando se pega num peixe e se mete uma folha por cima, para se conseguir obter essa imagem".
"Fiz esse tratamento ao nível têxtil em vários tecidos. Houve tecidos que foram manobrados por dobragens ou por plissados e depois sofreram um decalque de uma folha de 'foil' que lhes deu o efeito completamente diferente e muito perto das texturas que podemos encontrar literalmente nos peixes", contou.
Luís Buchinho fez, ainda, experiências de estamparia em pele sobre bases de tecidos 'jersey', 'rib' e renda, e obteve efeitos de brilho metálico semelhante ao das escamas dos peixes. Depois, a morfologia dos próprios peixes ajudou à construção em sobreposição dos casacos e jaquetas.
"É uma coleção que se quer muito esguia, com um movimento veloz, com uma textura aquática transmitida tanto pelas cores, quanto pelos materiais utilizados e pelas transformações que os tecidos sofreram", acrescentou.
Na passerelle da Universidade de Paris Descartes, houve saias com estampados Gyotaku, vestidos de jersey combinados com tops plissados e cintos de formas onduladas, calças de cintura alta com riscas em cores contrastantes e molas de pressão nas carcelas laterais.
A jogar com as transparências, as opacidades e as texturas, Buchinho desenhou calças e vestidos com fechos de algodão em tons contrastantes, 'debruns' com fitas coloridas, 'ribs' com 'foile' nas bainhas, no decote e na cintura e pormenores em rede perfurada.
A palete foi dominada pelo azul, preto e branco, com "focos de luz" dados pelos tons rosa malva, fúcsia, vermelho e roxo, mas também graças aos tons metalizados, com efeitos de cobre, de vermelho-laca e de chumbo e graças aos brilhos prateado a sugerirem o "brilho molhado da fauna marítima".
"É uma linha que tem uma influência um pouco desportiva, na verdade. Há assim uma mistura de elementos um bocadinho mais 'couture' com elementos ligados a uma tendência mais 'sportswear' e uma silhueta esguia e delgada quase na sua totalidade, com formas bastante próximas do corpo, formas que acentuam muito a figura feminina de uma maneira muito elegante e com um efeito entre o casual e o sofisticado", descreveu.
Presença assídua na Paris Fashion Week, o designer considerou, ainda, que "Paris continua a ser o sítio onde a maior parte das grandes tendências são lançadas e onde as assinaturas da moda de autor são cada vez mais e mais vincadas".
Esta quarta-feira, a Semana da Moda de Paris ficou, também, marcada pela estreia da única marca portuguesa no calendário oficial, a Marques'Almeida, e pelo desfile de Diogo Miranda, na Universidade de Paris Descartes.
Na terça-feira, a participação portuguesa na Paris Fashion Week contou, ainda, com a apresentação da nova coleção de Fátima Lopes.
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