Depois de os dados preliminares de um estudo sobre um novo medicamento contra o Alzheimer terem sido divulgados, em setembro, no New England Journal of Medicine, os resultados finais dos ensaios clínicos mostram que o tratamento Lecanemab reduz o declínio cognitivo dos doentes.
"Isto vai encorajar-nos a sentir um otimismo real de que um dia a demência será derrotada e até curada", congratula-se Rob Howard, professor da University College London, no Reino Unido, em declarações à Sky News.
O diretor do Centro de Pesquisa de Demência da University College London, Nix Fox acrescenta que as descobertas confirmam "uma nova era de modificação da doença de Alzheimer". "Uma era que chega depois de mais de 20 anos de trabalho árduo em imunoterapias anti-amilóides, por muitas, muitas pessoas, e muitas desilusões ao longo do caminho", lembra.
O fármaco, desenvolvido em conjunto pelas farmacêuticas Biogen, dos Estados Unidos, e a Eisai, no Japão consegue reduzir em 27% velocidade do declínio mental dos doentes com Alzheimer. No ensaio clínico com quase 1800 doentes, realizado durante quase um ano e meio, os cientistas concluíram ainda que esta quebra é de 23% quando comparada com doentes que receberam placebo.
"Ao longo de 18 meses, o Lecanemab conseguiu reduzir os marcadores de amilóide na doença de Alzheimer precoce e verificou-se um declínio moderadamente menor nas medidas de cognição e função do que o placebo, mas foi associado a eventos adversos", pode ler-se no estudo. Como tal, os cientistas preparam-se para estudar os efeitos secundários do fármaco.
Durante o estudo, morreram 13 pessoas. Dessas, seis tomavam o medicamento e sete o placebo. Ainda assim, nenhum dos óbitos está relacionado com o tratamento.
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Quanto ao valor do fármaco, sabe-se que poderá custar entre 10 a 30 mil libras por ano, ou seja, 11.500 a 34.600 euros.
Recorde-se que demência é um termo genérico utilizado para designar um conjunto de doenças que se caracterizam por alterações cognitivas que podem estar associadas a perda de memória, alterações da linguagem e desorientação no tempo ou no espaço. Para a maioria não existe tratamento e também não há uma forma definitiva de prevenir a demência.
A Organização Mundial da Saúde estima que existam 47.5 milhões de pessoas com demência em todo o mundo, número que pode chegar os 75.6 milhões em 2030 e quase triplicar em 2050, para 135.5 milhões. A doença de Alzheimer representa cerca de 60 a 70% de todos os casos de demência.
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[Notícia atualizada às 09h13]