Será alergia a medicamentos? Médica esclarece

Helena Pité, coordenadora de imunoalergologia no Hospital CUF Tejo e imunoalergologista no Hospital CUF Descobertas, assina este artigo.

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Notícias ao Minuto
16/07/2024 22:08 ‧ 16/07/2024 por Notícias ao Minuto

Lifestyle

Alergias

A alergia a medicamentos pode ser grave, mas muitos 'rótulos' de alergia estão mal colocados. Diagnosticar este tipo de alergia é essencial, em todas as idades, por vários motivos, desde a segurança para a pessoa, até à eficácia do tratamento e melhoria da qualidade de vida.

 

Prevenção de reações graves

"Já me aconteceu por duas vezes tomar anti-inflamatórios diferentes e ficar com a cara inchada, manchas vermelhas no corpo e falta de ar..." 

Não ter o diagnóstico correto de alergia a medicamentos pode ter consequências muito graves. Há a possibilidade de ter nova reação, que pode ser perigosa, se a pessoa voltar a tomar ou usar a mesma substância presente nesse ou noutro medicamento, ou uma substância “da mesma família” (por exemplo, quimicamente semelhante) da substância que causou a primeira reação.

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Tratamento eficaz

"Desde a minha infância, evitei tomar derivados da penicilina porque achei que era alérgico. Tinha muitas otites e tomei outros antibióticos. Depois, fiz os testes de alergia e percebi que afinal posso tomar esses medicamentos. É um descanso. Estou muito melhor."

Por outro lado, ter um 'rótulo falso' de alergia a medicamentos também pode ser perigoso. Podemos estar a evitar usar medicamentos eficientes por receio infundado de reação. Os medicamentos de segunda linha (ou seja, segunda opção) são, em regra, menos eficazes, menos seguros e mais caros. No caso dos antibióticos, estão ainda associados ao aumento de microrganismos multirresistentes. 

Melhoria da qualidade de vida

"Cada vez que ia fazer um exame com contraste ficava em pânico, porque, uma vez, fiquei muito mal disposto, com vómitos e desmaiei. Depois da consulta, fiz os testes na pele e deram-me um contraste, sem ter nenhuma reação. Agora sei o que posso usar e os meus médicos também."

Saber a que se é alérgico e ter um relatório médico com as indicações do que se pode e do que não se pode tomar, reduz a ansiedade, ao mesmo tempo que se evitam reações e complicações, melhorando a segurança e a eficácia de procedimentos médicos e cirúrgicos.

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Como podemos saber se somos alérgicos a um medicamento?

A abordagem das reações com medicamentos é complexa e deve ser sempre feita pelo imunoalergologista. É, muitas vezes, um verdadeiro trabalho de detetive. Se há suspeita de reação a um medicamento, o primeiro passo é sempre uma consulta de imunoalergologia. De acordo com o tipo de reação inicial, podem ser realizadas análises específicas e, em centros diferenciados com Hospital de Dia (ou seja, em meio hospitalar e sob a vigilância de um imunoalergologista), podem ser úteis:

  • Testes cutâneos (por picada e intradérmicos), que podem durar até cerca de duas horas e são realizados com doses diluídas dos medicamentos. Noutros casos, podem ser úteis testes epicutâneos (de contato na pele);
  • Provas de provocação, que servem para confirmar alergia ou tolerância. O médico dá à pessoa doses crescentes da substância em estudo, com intervalos regulares, até atingir a dose alvo, seguido de um período de horas de vigilância.  

Após um diagnóstico definitivo, cada pessoa deve ser portadora de um relatório médico personalizado, que indique a que substância é alérgica e deve evitar, bem como quais são as alternativas seguras.

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E se não houver alternativas para o tratamento?

"Fui diagnosticada com cancro do ovário. Infelizmente, tive uma reação alérgica grave à quimioterapia, que era o melhor tratamento para este tumor. Achei que era o meu fim... Mas soube que havia a hipótese de fazer uma dessensibilização. Está a correr bem. Já completei seis ciclos."

Para algumas situações em que as alternativas não são possíveis e é imperioso o tratamento com o medicamento ao qual a pessoa é alérgica, podem ser equacionados, caso a caso, tratamentos de dessensibilização. São tratamentos feitos em meio hospitalar, que permitem a aquisição temporária de tolerância a um determinado medicamento, pela sua administração controlada e gradual, em centros diferenciados, por médicos experientes.

Em caso de suspeita de alergia, consultar o médico é fundamental. Todas as pessoas com suspeita ou com alergia medicamentosa identificada devem ser encaminhadas para uma consulta de Imunoalergologia, para um diagnóstico preciso e orientações personalizadas, com avaliação do melhor tratamento para cada um.

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