O leite humano, além dos inúmeros benefícios que traz para o crescimento e desenvolvimento saudável do bebé, também tem um importante potencial na prevenção e tratamento de diferentes tipos de cancro, segundo sugerem estudos recentes.
“Já se demonstrou a eficácia dos componentes do leite humano na destruição de até 40 tipos distintos de células cancerígenas, incluindo tumores cerebrais e da pele, entre outros. Nos bebés amamentados provou-se o seu papel protetor e de defesa face ao risco de crescimento de tumores”, sublinha a Medela, empresa especializada em amamentação, em comunicado enviado ao Notícias ao Minuto.
Múltiplos estudos asseguram ainda que o aleitamento materno também tem efeitos benéficos para as mães, “podendo reduzir o risco de cancro de mama até cerca de 30%; e, em laboratório, as células tumorais do cancro da bexiga e do cólon, este último um dos tipos mais frequentes de cancro em Portugal, reagiram face ao leite humano induzindo o seu desaparecimento e reduzindo o tamanho dos tumores.”
No XII Simpósio Internacional de Aleitamento Materno da Medela, que se realiza em Florença, Itália, entre hoje e amanhã, 8 de abril, têm sido abordadas as diferentes aplicações do leite humano no campo da oncologia.
O mesmo comunicado sublinha: “O cancro é a segunda causa de morte em Portugal e a quinta a nível mundial, pelo que a investigação para a sua prevenção e tratamento integram parte da prioridade dos grupos de investigação.”
E revela que “após a realização de ensaios in vitro e in vivo, tanto com amostras animais como humanas, o potencial do leite humano apresenta-se como uma possível fonte de tratamento do cancro em adultos.”
A equipa da médica Catharina Svanborg, responsável do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Glicobiologia do Institute of Laboratory Medicine da Universidade de Lund na Suécia descobriu “o mecanismo através do qual o leite humano combate as células dos tumores, uma função da qual se encarrega uma proteína componente do leite, a lactoalbumina. A sua junção com um ácido gordo forma um complexo denominado HAMLET (lactoalbumina alfa humana letal para células tumorais) que induz a morte das células tumorais, respeitando as células saudáveis. Um fator essencial para a prevenção nos bebés e para o futuro desenvolvimento de tratamentos.”
Em relação aos benefícios que o aleitamento pode ter para as mães, o mesmo comunicado informa que “a investigação atual evidencia que 12 meses de amamentação estão relacionados com uma redução do risco de cancro da mama em cerca de 4,3%, com efeito acumulativo. Desta forma, uma mulher que amamente três filhos, durante dois anos cada um, terá cerca de 25,8% menos de probabilidades de desenvolver cancro de mama.”
“Em Portugal apenas metade (50%) das mães elegem o leite materno para os seus filhos durante os primeiros três meses.” Segundo os dados da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) o cancro de mama afeta uma em cada nove mulheres. Os cientistas insistem que, “mesmo nos casos de mulheres com antecedentes familiares desta doença, é possível reduzir em cerca de 59% o risco do aparecimento de tumores antes da menopausa graças ao aleitamento materno”, remata o comunicado.