Numa carta dirigida à ex-apresentadora televisiva Monica Semedo, filha de emigrantes cabo-verdianos no Luxemburgo, o presidente de Cavo Verde, Jorge Carlos Fonseca, regozijou-se com esta eleição para o Parlamento Europeu.
"Acredito que, para chegar a este resultado, numa sociedade onde a concorrência política é grande, sobretudo como mulher, imperaram valores sólidos como o trabalho, a criatividade, o rigor, a liderança e um espírito combativo, de entre outros valores que fazem de si um verdadeiro exemplo a ser seguido por jovens cabo-verdianos e descendentes, no Luxemburgo, em Cabo Verde e onde quer que estejam as nossas comunidades espalhadas pelo mundo", lê-se na missiva do chefe de Estado.
Jorge Carlos Fonseca afirma que "tem acompanhado o seu percurso de sucesso com muita atenção".
"(...) E é com enorme satisfação que, em nome de todos os cabo-verdianos, residentes em Cabo Verde e na diáspora, e em meu nome pessoal, lhe transmito as minhas mais vivas felicitações por esta excelente vitória que a todos nos orgulha", adianta.
Também o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, deu os parabéns a Monica Semedo.
Numa nota publicada na rede social Facebook, o chefe do Governo escreveu que esta eleição demonstra a "boa integração" dos cabo-verdianos no Luxemburgo.
Monica Semedo, que tinha falhado a eleição para o parlamento luxemburguês nas últimas legislativas, em outubro, foi agora a segunda eurodeputada eleita pelo partido liberal (DP), do primeiro-ministro, Xavier Bettel, o grande vencedor destas eleições, conquistando mais um mandato do que em 2014.
A antiga estrela televisiva da RTL esteve na origem de um dos casos controversos da campanha, depois de o ADR, um partido anti-estrangeiros, ter colado o 'slogan' "não à imigração ilegal" por baixo de um dos seus cartazes, embora o partido nacionalista tenha defendido ao Contacto, jornal português no Luxemburgo, que se tratou de "um acaso".
Já nas últimas legislativas os cartazes de campanha de Monica Semedo tinham sido vandalizados em Grevenmacher, a localidade onde cresceu.
Monica Semedo nasceu no Luxemburgo em 1984, filha de emigrantes cabo-verdianos de Santa Catarina, que chegaram ao país no início dos anos 1970.
Com 2 anos, Monica Semedo e as quatro irmãs foram colocadas num lar para crianças, onde acabariam por ficar durante cinco anos.
Monica Semedo, a mais nova das irmãs, participou num concurso de escolas com 3 anos, gravando um disco, e começou a apresentar um programa infantil no canal de televisão RTL com apenas 12 anos.
O pai, professor em Cabo Verde, trabalhou nas obras no Luxemburgo e morreu num acidente de viação quando Semedo tinha 9 anos.
As cinco irmãs foram criadas pela mãe, que trabalhou nas limpezas.
Monica Semedo é licenciada em Ciências Políticas pela Universidade de Trier, na Alemanha, onde defendeu uma tese sobre as negociações do segredo bancário no Conselho dos Assuntos Económicos e Financeiros (Ecofin).
Em 2015, foi nomeada embaixadora da organização não-governamental Aldeias de Crianças SOS, que tem projetos em Cabo Verde.
Após ter falhado a eleição nas últimas legislativas, foi nomeada responsável de comunicação da agência governamental 'Luxembourg for Finance', cargo que ocupa atualmente.