Indígenas declaram "emergência" por "assassínio sistemático" de líderes

A Organização Nacional Indígena da Colômbia (ONIC) declarou, na sexta-feira, uma "situação de emergência" pelo "assassínio sistemático" de líderes indígenas durante o primeiro ano de mandato do Presidente colombiano, Ivan Duque.

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Lusa
10/08/2019 ‧ 10/08/2019 por Lusa

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Colômbia

"Temos a obrigação ética e política de declarar uma situação de emergência humanitária, social e económica para todos os povos indígenas da Colômbia devido ao genocídio sistemático e contínuo no primeiro ano do Governo", indicou a ONIC, em comunicado, no final do encontro da Assembleia Nacional de Autoridades.

A organização não-governamental (ONG) denunciou a morte de 158 líderes indígenas, desde a assinatura do acordo de paz, em novembro de 2016. Pelo menos 94 homicídios foram registados entre 07 de agosto do ano passado e a passada quarta-feira, ou seja, durante o primeiro ano do Governo de Ivan Duque.

"Continuamos a viver confrontos armados nos territórios indígenas que causam deslocações e isolamento diários dos povos embera e waunaan, no departamento de Chocó, na fronteira com o Panamá, e assassínios sistemáticos e isolamento do povo indígena awá, em Nariño, na fronteira com o Equador", acrescentou a ONIC, fundada em 1982 e que representa cerca de 800 mil pessoas, aproximadamente 2% da população colombiana.

A ONG alertou ainda para a deslocação violenta de comunidades nos departamentos de Antioquia (noroeste), Risaralda (centro), Valle del Cauca (sudoeste) e Norte de Santander (na fronteira com a Venezuela).

De acordo com dados da Defensoria do Povo, organismo responsável pela garantia dos direitos humanos no país, pelo menos 462 líderes sociais foram assassinados na Colômbia, entre 01 de janeiro de 2016 e 28 de fevereiro passado.

Mas um inquérito da ONG Instituto de Estudos sobre Paz e Desenvolvimento (Indepaz) e do movimento político Marcha Patriótica indicou que já foram assassinados mais de 700 líderes sociais e 135 ex-guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) desde 2016, ano em que foi assinado o acordo de paz entre o Governo do Presidente Juan Manuel Santos e a antiga guerrilha, entretanto convertida em partido político.

No domingo passado, o indígena Enrique Guejia Meza foi morto numa zona rural de departamento de Cauca (sudoeste), no terceiro homicídio de um líder social na região colombiana registado na passada semana.

Perante esta situação, os indígenas pediram, na quinta-feira, à comunidade internacional que atue como garante para ultrapassar "a situação de emergência" que estão a viver, e instaram o Governo a "adotar as medidas necessárias" para solucionar o problema.

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