Diversos grupos de defesa dos direitos humanos têm documentado a existência de trabalho forçado em Xinjiang, alertando também para casos de perseguição a minorias uigures, por parte do governo chinês.
A Human Rights Watch diz que se o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas ignorar o apelo feito pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, para uma ação na região chinesa, corre o risco de não cumprir a sua obrigação de responsabilizar os países membros por abusos de direitos humanos.
Embora a atual sessão do Conselho de Direitos Humanos esteja suspensa, a partir de 13 de março, devido às precauções relativas à Covid-19, a organização pede que os Estados membros sejam rápidos a atuar, perante a crise que se vive na região de Xinjiang.
Em 27 de fevereiro, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michele Bachelet, reiterou o apelo para criar uma equipa especial que tenha acesso sem restrições à região de Xinjiang, onde há suspeitas de severas violações de direitos humanos por parte do Governo chinês.
"Qualquer visita da alta comissária deve incluir acesso não condicionado, garantias contra represálias e apoio total de especialistas", disse Sarah Brooks, jurista da organização.
No passado o Governo de Pequim permitiu a entrada de equipas da ONU, mas sempre com fortes restrições, o que agora a Human Rights Watch rejeita, pedindo a deslocação de uma equipa de peritos que possa fazer uma "análise em profundidade" na região, para comprovar a existência de situações de desrespeito de direitos humanos.
Em 2019, algumas organizações divulgaram documentos que revelavam a intenção do Governo chinês de deter de forma arbitrária e reeducar muçulmanos turcos.
À luz destas revelações, a Human Rights Watch pede ao Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas que exijam a Pequim informações "objetivas, independentes e especializadas" sobre a situação em Xinjiang.
O objetivo deste apelo é que a comunidade internacional seja capaz de pressionar Pequim a travar o desrespeito pelas leis internacionais e pelos direitos humanos, na sequência de relatórios isentos sobre a situação na região de Xinjiang.
"No passado, o Conselho (de Direitos Humanos da ONU) foi inundado com propaganda do governo chinês sobre Xinjiang, mas é essencial que receba informações em primeira mão", conclui a organização Human Rights Watch.