"Bruxelas preocupa-se com a Hungria mas deviam estar preocupados com o vírus e a doença", disse o chefe de governo da Hungria na entrevista semanal à rádio pública Kossuth.
Orbán acrescentou que "salvar vidas é a tarefa mais importante" e que para isso é precisa "cooperação".
"Estamos a falar de vidas. Não sei que tipo de gente há lá (União Europeia). Só sei que aqui em Budapeste nos dói a perda de vidas", disse.
O primeiro-ministro húngaro aconselhou também hoje o Partido Popular Europeu (PPE) a não perder tempo discutindo "fantasias" sobre a Hungria" sublinhando que em tempos de pandemia é preciso todos concentrarem-se em salvar a vida das pessoas.
"Acho difícil imaginar que qualquer um de nós tenha tempo para criar fantasias sobre as intenções de outros países. Hoje em dia isso é um luxo muito caro", escreve Orbán numa carta enviada ao secretário-geral do PPE, o espanhol Antonio López-Istúriz.
Nos últimos dias, políticos, ativistas e especialistas de toda a Europa e da Hungria criticaram as medidas tomadas pelo governo de Orbán que reforçou os poderes com o argumento de estar a lutar contra a pandemia de coronavírus.
Neste momento, Orbán governa por decreto, à margem do Parlamento e por tempo indefinido e sem controlo pois dispõe de uma maioria parlamentar de dois terços.
Esta situação está a gerar uma série de críticas por parte de 14 países da União Europeia e da presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, mas também de Donald Tusk, presidente do Partido Popular Europeu (PPE, centro-direita) que pediu aos membros desta família política que reconsiderem a expulsão do Fidesz, partido do primeiro-ministro hungaro.
Por outro lado, Orbán acusou o magnata norte-americano de origem húngara, George Soros, de ter "urdido" as mais recentes críticas contra a Hungria acusando-o de "ataque político" através de uma "rede".
"A Hungria tem inimigos que querem os recursos deste país. Esta rede está dirigida por George Soros. A gente dele está em Bruxelas (União Europeia) e de outros pontos de onde nos estão a atacar neste momento", disse Orbán sem fundamentar a acusação.
O magnata George Soros é um dos principais inimigos políticos do primeiro-ministro húngaro.
De acordo com os últimos dados, a Hungria confirma 623 casos de contaminação de covid-19, com 26 mortes, apesar de Orbán reconhecer que o número deve ser mais elevado.