Autoridades britânicas investigam incidência em comunidades étnicas
As autoridades sanitárias britânicas estão a investigar a existência de um grande número de casos de contágio e mortes de pessoas infetadas com covid-19 em comunidades de origem étnica, confirmou hoje o ministro da Habitação e Comunidades, Robert Jenrick.
© Lusa
Mundo Covid-19
"Parece haver um impacto desproporcionado em comunidades BAME [negros, asiáticos e minorias étnicas] no Reino Unido e também noutros países", admitiu, durante conferência de imprensa diária sobre a crise, em resposta a jornalistas.
Jenrick disse que se justifica fazer "uma investigação profunda para perceber melhor e tomar as decisões necessárias".
Também o diretor clínico da direção de saúde de Inglaterra (NHS England), Stephen Powis, manifestou estar "muito preocupado" com a situação e disse ser essencial "perceber melhor a razão para existir um risco mais agravado de casos e mortes em certas comunidades étnicas".
Um estudo do Centro Nacional de Investigação e Auditoria de Cuidados Intensivos (ICNARC) publicado na sexta-feira revelou que 34,5% dos pacientes diagnosticados com covid-19 em cuidados intensivos eram negros, asiáticos ou pertencentes a uma minoria étnica, apesar de representarem apenas 13% da população em geral.
Estima-se também que 68% dos 57 profissionais de saúde que morreram após o contágio com o novo coronavírus são classificados como BAME, cuja comunidade representa uma grande parte do quadro de pessoal do serviço de saúde público britânico (NHS), adiantou hoje o jornal The Guardian.
O ministro respondeu também às críticas de sindicatos dos profissionais de saúde sobre a falta de equipamento de proteção, nomeadamente de batas, adiantando que vai chegar da Turquia no domingo um carregamento de 84 toneladas, incluindo 400 mil batas.
"A procura é muito alta. Também estamos a trabalhar com fabricantes britânicos para poderem fazer uma contribuição", adiantou.
Chris Hopson, presidente do NHS Providers, que representa os hospitais públicos em Inglaterra, disse hoje, na rede social Twitter, que embora exista equipamento como luvas e viseiras, alguns hospitais vão deixar de ter batas "nas próximas 24 a 48 horas".
O Reino Unido registou até agora 15.464 mortes de pessoas infetadas e 114.217 casos de contágio durante a pandemia covid-19, informou hoje o Ministério da Saúde britânico.
Estes dados referem-se apenas a pessoas hospitalizadas, ou profissionais de saúde, já que as restantes pessoas com sintomas não estão a ser sujeitas a testes de diagnóstico.
Hoje o jornal Daily Telegraph publicou uma estimativa da Care England, organização representativa das Casas de Repouso independentes, que calcula de que cerca de 7.500 pessoas poderão ter morrido nos lares de terceira idade do Reino Unido em consequência da pandemia covid-19.
As mortes de pessoas infetadas fora dos hospitais não estão atualmente a ser coligidas e juntas ao balanço diário, mas são registadas semanalmente pelo instituto de estatísticas britânico com base na referência ao novo coronavírus nas certidões de óbito.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 154 mil mortos e infetou mais de 2,2 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 497 mil doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa cerca de 4,5 mil milhões de pessoas em 110 países (quase seis em cada dez seres humanos), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
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