"Ao celebrarmos o passado e abraçarmos o futuro, garanto-vos que juntos ultrapassaremos esta provação", disse Mnangagwa no seu discurso, transmitido pela rádio e televisão nacionais.
"Embora separados fisicamente, estamos unidos em espírito", disse, acrescentando: "em unidade, amor e determinação comum, nada nos pode fazer cair".
O Zimbabué ficou praticamente paralisado durante as duas últimas semanas por medidas rigorosas que pretendem evitar o progresso da pandemia. Até agora, as autoridades de saúde registaram 24 casos de infeção pelo novo coronavírus e duas mortes.
Tanto o Governo como a sua população receiam o impacto desastroso da crise mundial provocada pela covid-19 no país, já desgastado por 20 anos de uma crise económica catastrófica.
"Para os nossos pais fundadores e para os nossos valentes heróis e heroínas, o dever patriótico era lutar pela liberdade. Hoje, a nossa tarefa, por causa da covid-19, é ficar em casa, manter a distância e lavar as mãos", disse o chefe de Estado.
"Temos também de produzir, produzir e produzir. É assim que celebramos a nossa independência, salvando vidas e a nossa economia", continuou.
Os 15 milhões de habitantes do Zimbabué estão a lutar para ganhar a vida num país atingido pelo desemprego em massa, pela inflação galopante e pela escassez de produtos essenciais.
Vários anos de seca agravaram ainda mais a situação do país e hoje, segundo a ONU, quase um terço da população (4,4 milhões de pessoas) encontra-se em "insegurança alimentar aguda", que requer a ajuda de emergência dos Estados doadores.
Hoje, o Presidente Mnangagwa instou os países ocidentais a levantarem as sanções económicas impostas ao país por causa das violações dos direitos humanos durante a era de Robert Mugabe, o primeiro chefe de Estado do Zimbabué.
"Estas [sanções] são ilegais e fazem o nosso povo sofrer, o Zimbabué não as merece", disse hoje Emmerson Mnangagwa.
Mugabe, que morreu em setembro passado, foi forçado a demitir-se no final de 2017, após 37 anos de governo, por um golpe militar que levou Emmerson Mnangagwa a presidente.
Mnangagwa também prestou homenagem hoje aos "valentes combatentes" da guerra da independência, mas sem mencionar o nome de Robert Mugabe.
A oposição reagiu ao discurso do chefe de Estado, acusando-o de perpetuar o regime autoritário do seu antecessor.
"É triste constatar hoje que, embora o Zimbabué seja politicamente independente, o seu povo não é livre", afirmou Luke Tamborinyoka, porta-voz do Movimento para a Mudança Democrática (MDC).
"Continuamos acorrentados a carências gigantescas, presos e incapazes de nos expressarmos livremente no nosso país, supostamente independente", acrescentou.