"É preciso devolver à Organização Mundial de Saúde (OMS) os meios para cumprir melhor a sua missão normativa, mas também de alerta e deteção", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros de França, Jean-Yves Le Drian, em entrevista ao jornal Le Monde, hoje publicada.
"Seria desejável criar, com base no modelo do IPCC, um alto conselho para a saúde humana e animal, que pudesse gerir a parte científica, e que fosse constituído por especialistas reconhecidos", acrescentou.
O IPCC, criado em 1988, é uma organização aberta a todos os Estados-membros das Nações Unidas, reunindo atualmente, 195 países.
Nos seus relatórios, o IPCC avalia a informação existente sobre mudanças climáticas, a extensão do aquecimento global e está no centro das negociações internacionais sobre o clima.
O órgão executivo do IPCC é composto por cientistas - atualmente 36 - eleitos para um ciclo de cinco a sete anos, o que corresponde à duração da preparação de um relatório de avaliação.
"Uma grande dificuldade da OMS é a coordenação entre as principais iniciativas e os principais atores da saúde global: o Fundo Global de Combate à Sida, Tuberculose e Malária, a Aliança Mundial para Vacinas e Imunização, a Unitaid" entre outros, observou Jean-Yves Le Drian.
Além disso, os Estados Unidos suspenderam, em plena crise sanitária, a sua contribuição para o orçamento da OMS, acusando a organização de estar sob a influência da China, onde foi detetada pela primeira vez a covid-19.
O Presidente de França, Emmanuel Macron, apelou "à construção de um projeto forte para ajudar a OMS em diagnósticos, tratamentos e vacinas acessíveis a todos".
Macron também expressou dúvidas sobre a estratégia de Pequim após o aparecimento dos primeiros casos de covid-19 no centro do país, no final de 2019.
"Houve, obviamente, coisas que se passaram e que nós desconhecemos", disse, em entrevista ao Financial Times.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 164 mil mortos e infetou mais de 2,3 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 525 mil doentes foram considerados curados.
Os Estados Unidos são o país com mais mortos (40.661) e mais casos de infeção confirmados (cerca de 760 mil).
Seguem-se Itália (23.660 mortos, em mais de 178 mil casos), Espanha (20.852 mortos, mais de 200 mil casos), França (19.718 mortos, mais de 152 mil casos) e Reino Unido (16.060 mortos, mais de 120 mil casos).
Por regiões, a Europa soma mais de 103 mil mortos (mais de 1,1 milhões de casos), Estados Unidos e Canadá mais de 42 mil mortos (mais de 775 mil casos), a Ásia mais de seis mil mortos (mais de 163 mil casos), o Médio Oriente mais de cinco mil mortos (mais de 125 mil casos), a América Latina e Caribe quase cinco mil mortos (mais de 98 mil casos), África 1.119 mortos (mais de 22 mil casos) e a Oceânia com 90 mortos (mais de sete mil casos).