O virologista, que também tinha já abandonado a equipa que faz as conferências de imprensa sobre a evolução da pandemia no país, queixou-se, em declarações a um jornal e uma estação de televisão, que a Bélgica ainda não adotou legislação para enquadrar o sistema de acompanhamento de doentes.
"Sim, sou muito crítico em relação a isso porque penso que, numa crise como esta, precisamos de um sistema que funcione de forma linear, para que possamos tomar decisões no momento certo", disse, numa altura em que a localização dos doentes é feita por telefone, sem qualquer enquadramento jurídico.
"Para conseguirmos tomar estas decisões, a energia e o número de instâncias pelas quais temos de passar é demasiado grande em relação à dinâmica desta crise", acrescentou este investigador francófono da Universidade de Louvaina, na Flandres.
"O momento da aplicação destas soluções depende em grande medida do tempo político e da disponibilidade de recursos humanos e financeiros, que são elementos sobre os quais não tenho qualquer controlo", adiantou.
Numa carta enviada aos restantes membros da equipa de "Testing & Tracing" -- que coordena os testes e acompanhamento de casos de covid-19, Emmanuel André sublinha ainda que "a fraca intensidade atual da epidemia" torna a sua presença menos necessária nesta célula de conselheiros das autoridades políticas.
A Bélgica, com 11,5 milhões de habitantes, registou desde o início de fevereiro e até domingo, 59.348 casos de covid-19, de que resultaram, entre confirmadas e suspeitas, 9.266 mortes.
Na sexta-feira, o boletim semanal dava conta de um risco de transmissão do coronavirus SARS-CoV-2 de 0,81.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 403 mil mortos e infetou mais de sete milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.