A imobilização de suspeitos pelo pescoço é agora motivo de séria discussão, até entre as autoridades policiais, depois de George Floyd ter sucumbido a essa técnica de detenção perante várias câmaras de filmar. Porém, a prática sempre foi utilizada pelos agentes de autoridade norte-americanos e a própria polícia defendia o seu uso de forma incontornável. A prová-lo está o caso da agente de polícia Cariol Horne.
As autoridades camarárias de Buffalo, em Nova Iorque, votaram na terça-feira da semana passada para reabrir o caso de Horne, uma polícia afro-americana que foi despedida, em 2006, por ter impedido - com recurso a força física - que o seu colega, Gregory Kwiatkowski, ferisse um suspeito afro-americano a quem estava a fazer uma imobilização pelo pescoço.
Horne, que na altura estava há 19 anos a trabalhar como polícia, acabou por ser despedida em 2008 por causa dessa ação, perdendo o direito à reforma um ano antes de se qualificar para a receber. O relatório interno final, que ditou o seu despedimento, justificava que Horne tinha colocado um colega em perigo.
"O departamento de polícia não acreditou nela e castigaram-na severamente", indicou à imprensa norte-americana Brenda McDuffie, responsável por uma associação de defesa das minorias. "Ela perdeu o sustento. Francamente, quantos de nós teriam mostrado humanidade ao ver uma pessoa a sufocar até à morte, como aqueles agentes [de Minneapolis] deviam ter feito? Abuso de força é algo com o qual estamos finalmente a lidar como sociedade", acrescentou.
O presidente da câmara de Buffalo, Byron Brown, eleito pela primeira vez em 2006, disse à Spectrum News que tentou intervir a favor de Horne junto do procurador-geral da altura, o agora governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, para que a agente pudesse, pelo menos, garantir a pensão. A resposta do gabinete do procurador foi que ela não tinha o tempo requerido para ser elegível para uma pensão (20 anos de carreira).
A resolução que pede a reabertura do caso de Horne, que foi aprovada pelo conselho municipal de Buffalo, seguirá para aprovação por parte da procuradora-geral, Letitia James.
O departamento da polícia de Buffalo, sublinhe-se, está sob intenso escrutínio, neste momento, depois de dois agentes terem sido filmados a empurrar um idoso de 75 anos de idade, que ficou caído no passeio, sem sentidos e a sangrar.
Recorde que tanto George Floyd, em Minneapolis, como Eric Garner, em Staten Island, morreram depois de terem sido submetidos a imobilização pelo pescoço. Ambos foram filmados a dizer repetidamente que não conseguiam respirar.
O presidente norte-americano, Donald Trump, defendeu na sexta-feira a proibição de a polícia imobilizar os detidos desta forma, mas ressalvou que, nalguns casos, os agentes possam utilizar a prática "inocente" em "pessoas más".