Para além da limitação de ajuntamentos, foi ordenada a redução do horário de comércio em espaços fechados, como cafés, centros comerciais ou lojas.
"O sistema de saúde em Belgrado está à beira da rutura", admitiu a primeira-ministra sérvia, Ana Brnabic, que acrescentou: "É por isso que não podemos entender o que se passou na última noite e na noite anterior".
Os confrontos seguiram-se a um anúncio emitido pelo Presidente Aleksandar Vucic no início da semana sobre a necessidade de novas medidas de confinamento devido a uma intensificação do surto da pandemia do novo coronavírus no país.
Vucic tem sido acusado pelos setores da oposição na Sérvia de ter permitido que a crise ficasse descontrolada ao promover eleições legislativas em 21 de junho que reforçaram o seu poder quase incontestado.
Na terça-feira o Ministério da Saúde revelou que 13 pessoas morreram nas últimas 24 horas na Sérvia e confirmou 299 novos casos da covid-19.
Estes dados elevaram para 16.719 os casos confirmados, incluindo 330 mortos, desde o início da pandemia na Sérvia, que registou um recolher obrigatório dos mais rigorosos em toda a Europa, até uma reabertura quase total no início de maio.
Diversas partidas de ténis e de futebol decorreram em recintos lotados e as legislativas foram convocadas e realizadas, apesar dos alertas de peritos sobre as concentrações de pessoas sem distanciamento social que poderiam fomentar uma nova vaga do coronavírus.
Apesar de as novas medidas do Governo não incluírem a reimposição do recolher obrigatório, admitido inicialmente, a limitação dos ajuntamentos equivale na prática a uma proibição dos protestos.
Nas duas últimas noites, manifestantes envolveram em confrontos com as forças policiais, que recorreram a gás lacrimogéneo, cavalos e veículos blindados para os dispersar. Ambos os protestos foram iniciados de forma pacífica, mas grupos nacionalistas de extrema-direita optaram por atacar com diversos objetos os polícias que se encontravam nas imediações.
Hoje, a embaixada dos EUA manifestou através de uma declaração "profunda preocupação" pela violência, ao condenar "o que parecem ser ataques coordenados à polícia com o objetivo de provocar reações excessivas e o que parece ter sido o uso excessivo da força pela polícia".
O ministro do Interior sérvio, Nebojsa Stefanovic, disse que 10 polícias ficaram feridos na noite de domingo, incluindo um com duas pernas partidas.
Numa mensagem pelo Instagram, enviada desde o avião que o transportava para uma vista oficial a França, Vucis disse que o Estado vai terminar com esta rebelião e exortou os seus apoiantes a evitarem o confronto com manifestantes violentos.
"Prometo que sabemos como preservar a paz e a estabilidade apesar dos ataques violentos e criminosos de 'hooligans' que nos chocaram a todos", disse.
Numa referência aos primeiros incidentes na noite de terça-feira, Vucic tinha já sugerido o envolvimento de serviços secretos estrangeiros nos protestos "de manifestantes de extrema-direita e pró-fascistas".
No entanto, não identificou as agências de espionagem alegadamente envolvidas e defendeu a atuação da polícia contra as acusações de uso excessivo da força.
"Nunca permitiremos a desestabilização da Sérvia vinda do interior ou do estrangeiro", disse Vucic, acrescentando que o protesto "nada teve que ver com o coronavírus".
O Presidente sérvio definiu os protestos como "políticos" e destinados a enfraquecer a Sérvia nas suas conversações com o Kosovo, a antiga província do sul que autoproclamou a independência em 2008, não reconhecida por Belgrado.
Hoje, diversos 'media' próximos do Governo acusaram grupos de extrema-direita russos de terem fomentado a violência.
O embaixador da Rússia na Sérvia já desmentiu veementemente as acusações de um envolvimento de Moscovo nos distúrbios.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 549 mil mortos e infetou mais de 12 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Os Estados Unidos são o país com mais mortos (132.309) e mais casos de infeção confirmados (mais de 3,04 milhões).
Seguem-se Brasil (67.964 mortes, mais de 1,71 milhões de casos), Reino Unido (44.517 mortos, mais de 286 mil casos), Itália (34.914 mortos e quase 242 mil casos), México (32.796 mortos, mais de 275 mil casos), França (29.936 mortos, mais de 206 mil casos) e Espanha (28.396 mortos, mais de 252 mil casos).