Governo iraquiano reconhece 560 mortes em protestos desde outubro

O Governo iraquiano reconheceu hoje que quase 560 manifestantes morreram nos protestos que começaram em outubro passado, e continuam, para exigir uma melhoria nos serviços e o fim da corrupção, prometendo uma compensação de 8.380 dólares às famílias.

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© AHMAD AL-RUBAYE/AFP via Getty Images

Lusa
30/07/2020 21:59 ‧ 30/07/2020 por Lusa

Mundo

Iraque

O conselheiro do primeiro-ministro iraquiano, Hisham Daud, disse hoje aos jornalistas que o Governo nomeará os quase 560 manifestantes como "mártires" e que cada uma das suas famílias receberá um total de 10 milhões de dinares iraquianos, cerca de 8.380 dólares (7.057 euros) como compensação.

Os protestos, que eclodiram no Iraque em 01 de outubro de 2019, para exigir melhores serviços básicos e o fim da corrupção, foram duramente reprimidos pelas forças de segurança iraquianas na capital, Bagdade, e no sul do país, onde morreram centenas de pessoas em confrontos com a polícia.

Por sua parte, o ministro do Interior do Iraque, Ozman al-Ghanimi, revelou hoje numa conferência de imprensa que dois oficiais militares e um das forças de segurança estavam envolvidos na morte de dois manifestantes no domingo no centro de Bagdade, durante confrontos com a polícia.

"As investigações mostraram que dois mártires dos protestos no domingo foram mortos com espingardas de caça", disse o ministro do Interior, acrescentando que as forças de segurança têm ordens estritas de não usar armas de fogo para dispersar manifestantes.

Os três oficiais "suspeitos de terem cometido o crime" foram suspensos dos seus postos e o caso foi encaminhado para tribunal pela primeira vez desde o início dos protestos, acrescentou Al Ghanimi.

Desde o início dos protestos, as ações das forças de segurança foram fortemente criticadas por manifestantes e organizações internacionais de direitos humanos, bem como pelas autoridades religiosas do país, forçando à renúncia do então primeiro-ministro, Adel Abdelmahdi.

Com a chegada ao poder do novo primeiro-ministro, Mustafa al-Kazemi, os protestos não pararam, nem a violência, apesar de o chefe do executivo, que também é comandante das Forças Armadas, ordenar às forças de segurança que não fizessem uso de munições reais ou ferissem manifestantes, tentando antes dispersá-los.

Por seu lado, Al-Kazemi, que ordenou uma investigação imediata após a morte de dois manifestantes no domingo passado, disse no Twitter que as forças de segurança "continuam a investigar quem alveja iraquianos".

"[As] nossas corajosas forças de segurança protegem as vidas iraquianas e os criminosos não as representam", acrescentou o primeiro-ministro.

Desde o início, Al-Kazemi foi a favor dos protestos e prometeu ouvir e cumprir os apelos dos manifestantes, além de investigar e levar à justiça os responsáveis pelas mortes de centenas de iraquianos desde outubro.

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