Argentina prolonga quarentena e adverte para ajuntamentos clandestinos

O Presidente argentino anunciou hoje a nona extensão da quarentena, a mais prolongada do mundo, que continuará até, pelo menos, 16 de agosto sem modificações nas restrições, mas com maior controlo e penalização sobre reuniões sociais clandestinas.

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Lusa
31/07/2020 20:12 ‧ 31/07/2020 por Lusa

Mundo

Covid-19

"Até o dia 16 de agosto, vamos manter as coisas como estão hoje. Nos últimos dias, notamos que o vírus está circular mais e detetamos maior quantidade de contágios com mais internamentos e mais mortes", anunciou o Presidente Alberto Fernández, a partir da residência oficial de Olivos, na região metropolitana de Buenos Aires.

A quarentena argentina será mantida sem modificações, mas com mais controlos, sobretudo no transporte público que continuará restrito às atividades consideradas essenciais como pessoal de saúde.

Não haverá novas aberturas de atividades económicas, mas as que já foram abertas, como pequenas lojas em ruas secundárias, poderão continuar. Nesta semana, depois de 131 dias de proibição, foram abertos, por exemplo, salões de beleza e cabeleireiros e alguns profissionais, como terapeutas e advogados, puderam voltar a exercer.

A tónica do anúncio passou pela responsabilidade de cada cidadão. Ciente do cansaço social que implicam 133 dias de quarentena, sobretudo na região metropolitana de Buenos Aires, o Presidente apelou ao comportamento individual.

"Convoco-vos a cuidar da vida e que o façamos por decisão própria. O esforço por abrir atividades obriga-nos a ter muita responsabilidade social", pediu, indicando que as flexibilizações em algumas atividades têm os seus custos.

"Entendamos que isso de acabar com a restrição tem esses custos se não formos responsáveis", insistiu.

O Presidente Alberto Fernández enfatizou a responsabilidade dos jovens que têm perdido o temor ao vírus e organizado festas clandestinas, fintando os controlos da polícia.

Numa mensagem direta a esse segmento social, pediu uma reflexão e advertiu sobre as consequências penais.

"Quero falar aos jovens a partir da minha alma, do meu coração. Sabemos que na juventude, é importante a reunião com amigos. Também sinto saudade dos festivais, do futebol, do churrasco, mas não podemos. Peço, por favor, que façamos esse esforço e que nos ajudem. Peço que reflitam", apelou Fernández, apontando contra "reuniões e festas clandestinas e escondidas que são de alto risco".

O pedido veio acompanhado de uma advertência: "Peço a todos a máxima responsabilidade. Hoje vou assinar um decreto para proibir os encontros sociais e quem fizer pode ser penalmente responsabilizado por transmitir a doença", avisou.

A Argentina tem um acumulado de 185.373 infetados e 3.466 mortos.

Apesar de se tratar da "mais estrita quarentena do mundo", cada vez mais a população desrespeita as restrições.

"Estamos num momento de crescente circulação do vírus que tem deixado uma preocupante média de 80 mortos por dia", indicou Fernández.

O crescente número de contágios, no entanto, não tem refletido num aumento da letalidade, que se mantém em 1,8%, metade da média da região.

O número de camas hospitalares ocupadas na área metropolitana de Buenos Aires, onde vivem 16 milhões de pessoas e onde se concentram 90% dos casos, continua em 64,5%.

"Temos cinco contágios por cada quarteirão da cidade de Buenos Aires. Isso demonstra o risco de circular. Zonas do interior do país são afetadas pela irradiação de Buenos Aires. A cada 24 dias, duplicamos o número de óbitos. Não quero que morra mais gente. Não é uma estatística para mim", descreveu.

Ao final do anúncio de extensão da quarentena, o Presidente Alberto Fernández baseou-se nos números do dia anterior para uma nova advertência à população.

"Este anúncio durou 61 minutos. Enquanto durou, foram contagiados 268 argentinos e quatro morreram. Isso é o conoravírus. Não nos descuidemos. O problema não está superado", alertou.

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