Bielorrússia: Lukashenko enfrenta hoje o maior desafio à sua liderança
O presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, concorre hoje a um sexto mandato consecutivo após uma campanha eleitoral em que pela primeira vez diversos candidatos foram afastados após se apresentarem ao escrutínio, e na origem de inéditos protestos populares.
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Para o chefe de Estado bielorrusso, de 65 anos, estas eleições presidenciais representam o mais sério desafio à sua liderança autocrática e parecem indicar um óbvio sinal de desgaste de um regime surgido após a desintegração da URSS em 1991 e a proclamação da independência.
Três dos principais rivais de Lukashenko foram afastados por via judicial ou administrativa do escrutínio de hoje, e dois deles estão na prisão.
Estas drásticas decisões originaram uma inédita mobilização da oposição no país, com numerosas ações de protesto e centenas de detidos, em particular na capital Minsk.
A campanha foi ainda assinalada pela ausência da oposição tradicional, que se manteve em segundo plano.
Os protagonistas da campanha foram figuras até então pouco conhecidas como políticos, desde o ex-banqueiro Viktor Babariko e o vídeo-'blogger' Serguei Tijanovski, ambos detidos, ao diplomata de carreira Valeri Tsepkalo, que nos últimos dias de julho se refugiou na Rússia por recear pela sua vida.
Com o afastamento compulsivo destes três potenciais candidatos, Lukashenko terá como principal rival no escrutínio de hoje Svetlana Tijanovskaya, a mulher de Serguei Tikhanovski, uma professora de inglês de 37 anos, desconhecida ainda há poucos meses.
Svetlana Tijanovskaya aliou-se a duas outras mulheres, Veronika Tsepkalo, casada com o opositor no exílio, e a Maria Kolesnikova, diretora de campanha de Viktor Babaryko.
Em 30 de julho, dezenas de milhares de pessoas participaram em Minsk numa concentração de apoio à principal candidata da oposição e num raro desafio a Lukashenko, no poder há 26 anos.
A fase final da campanha ficou ainda assinalada pela detenção pelas autoridades bielorrussas de 33 cidadãos russos, associados ao grupo militar privado Wagner, num sinal da crescente degradação das relações entre Minsk e Moscovo.
Lukashenko acusou Moscovo de apoiar os seus detratores, de pretender tornar Minsk um vassalo e de ter enviado mercenários do grupo Wagner, considerado próximo do Kremlin, para concretizar esses objetivos.
Os investigadores bielorrussos já acusaram os alegados mercenários de conluio com a oposição para orquestrar "um massacre" no dia de hoje.
Moscovo rejeitou o conjunto das alegações bielorrussas e na sexta-feira, durante um contacto telefónico com o seu homólogo, o Presidente russo Vladimir Putin exigiu a libertação dos detidos,
Desde a chegada de Alexander Lukashenko ao poder, em 1994, nenhuma corrente da oposição conseguiu afirmar-se na paisagem política bielorrussa. Muitos dos seus dirigentes foram detidos, e em 2019 nenhum opositor foi eleito para o parlamento.
Os resultados das últimas quatro eleições presidenciais não foram reconhecidos como justos pelos observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), que denunciaram fraudes e pressões sobre a oposição.
Pela primeira vez desde 2001, e por não ter recebido um convite oficial a tempo, a OSCE não estará presente na votação de hoje para observar a votação.
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