O governo de Boris Johnson estava sob pressão de membros do próprio partido Conservador para reconsiderar o sistema de avaliação, que recorreu a um modelo matemático alimentado por dados estatísticos para ajustar as notas dadas pelos professores.
O algoritmo foi criado pelo Ofqual, o órgão independente responsável pela elaboração e correção dos exames, a pedido do ministro da Educação, Gavin Williamson, tendo sido decidido que as notas seriam calculadas de acordo com os resultados da escola em anos anteriores.
O objetivo era nivelar os resultados a nível nacional para compensar a falta de notas dos exames 'A-Levels', cancelados devido à pandemia de covid-19, mas a consequência foi que quase 40% das notas foram rebaixadas, sobretudo em áreas mais desfavorecidas, afetando cerca de 300 mil jovens.
Kay Mountfield, professora diretora de uma escola em Marlow, no oeste de Londres, disse que 85% dos seus alunos receberam notas abaixo do previsto, afetando o acesso ao ensino superior.
A situação gerou protestos contra o que os jovens chamaram de "injustiça" e os deputados foram inundados com reclamações de pais furiosos porque as notas mais baixas impediam que os filhos entrassem para o curso ou universidade desejada.
"Não havia solução fácil para o problema de atribuição de resultados de exames quando não foi realizado qualquer exame", admitiu o presidente do Ofqual, Roger Taylor, que reconheceu que, embora a abordagem adotada tenha tentado alcançar esses objetivos, reconheceu que "também causou angústia e afetou a confiança das pessoas".
O ministro da Educação defendia que a "moderação" das notas era importante para evitar a "inflação excessiva das notas" dadas pelos professores e garantiu que não iria recuar.
Mas hoje admitiu que "o processo de atribuição de notas resultou em inconsistências mais significativas que [não] podem ser resolvidas por meio de um processo de recurso" e pediu "desculpa pela angústia que isto causou aos jovens e pais.
Assim, os alunos vão poder optar pela nota mais favorável entre os dois sistemas, tendo País de Gales e Irlanda do Norte decidido hoje no mesmo sentido, enquanto que a Escócia já tinha rejeitado o algoritmo na semana passada.
A decisão de hoje vai aplicar-se também aos exames 'GCSE', realizados pelos alunos do secundário com cerca de 16 anos, cujos resultados são esperados esta semana.