Pandemia dificulta procura dos 44 mil desaparecidos em África
Quase 44.000 pessoas foram registadas como desaparecidas em África pelo Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), das quais quase metade (45%) eram crianças na altura do seu desaparecimento, disse hoje a organização.
© Reuters
Mundo Covid-19
"Este número de casos é uma gota no oceano para o número real de pessoas cujas famílias estão à sua procura", disse a conselheira regional do CICV sobre pessoas desaparecidas em África Sophie Marsac, numa declaração emitida em Nairobi a propósito do Dia Internacional dos Desaparecidos, que se assinala domingo.
"Conflitos, violência, migração e a crise climática continuaram a separar famílias durante a pandemia de covid-19, mas o nosso trabalho para encontrar os desaparecidos tornou-se ainda mais difícil", disse Sophie Marsac.
A Nigéria, Etiópia, Sul do Sudão, Somália, Líbia, República Democrática do Congo e Camarões representam 82% dos desaparecidos do CICV em África.
"O desaparecimento do meu filho fez-me desesperar, a sentir que ele está a voltar. Nos primeiros dois meses tranquei-me em casa, emocionalmente deprimido", contou Juma Kedai Korok, cujo filho de 31 anos foi raptado há quatro anos por um grupo armado no Sudão do Sul.
Desde então, não tem tido notícias. "Caro filho Konyi, se ainda estás vivo e a ouvir-me, as tuas irmãs, irmãos, tias e toda a família estão à tua espera. Só queremos ouvir a tua voz e ver-te", acrescentou o pai de 52 anos na declaração.
O país com o maior número de pessoas desaparecidas é a Nigéria, com quase 23.000 casos, quase todos relacionados com o conflito no nordeste do seu território, onde o grupo jihadista Boko Haram está ativo.
A covid-19 criou novos desafios na busca dos desaparecidos, uma vez que já não é possível reunir pessoas em grandes grupos para ouvir os nomes ou ver as fotografias, de acordo com o CICV.
Para travar a propagação do novo coronavírus, muitos países suspenderam as viagens nacionais entre estados ou províncias, tornando difícil a realização de buscas em áreas geográficas mais vastas.
"O Dia Internacional dos Desaparecidos deve lembrar-nos que inúmeras famílias em África procuram um ente querido, muitas delas pais à procura de uma criança", disse Marsac.
"A tragédia dos desaparecidos", acrescentou, "é uma crise humanitária que não pode ser esquecida, mesmo quando o mundo está concentrado na luta contra a pandemia da covid-19.
A covid-19 causou, até ao momento, em África 28.934 mortos confirmados em mais de 1,2 milhões de infetados em 55 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.
A pandemia já provocou pelo menos 813 mil mortos e infetou mais de 23,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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