Presidente alemão condena "ataque ao coração" da democracia

O Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, condenou hoje o "ataque insuportável ao coração da democracia" da Alemanha perpetrado por manifestantes, que sábado à noite tentaram entrar no edifício do Reichstag, sede da câmara baixa do parlamento.

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Lusa
30/08/2020 13:11 ‧ 30/08/2020 por Lusa

Mundo

Covid-19

 

No sábado, horas após a dispersão de uma manifestação em Berlim contra as restrições impostas contra a propagação do novo coronavírus, que juntou cerca de 20.000 pessoas, cerca de 200 militantes de extrema-direita que tinha participado no protesto tentaram forçar a entrada no Reichstag.

"Bandeiras nazis e obscenidades de extrema-direita frente ao Bundestag alemão são um ataque insuportável ao coração da nossa democracia", escreveu o chefe de Estado num comunicado divulgado no Instagram.

"Nunca o aceitaremos", acrescentou o Presidente.

Imagens do ataque ao Reichstag, reflexo do radicalismo de alguns dos que participam nas manifestações "anti-corona", escandalizou vários setores na Alemanha.

"Se alguém está zangado com as medidas ou as questiona, pode fazê-lo, inclusivamente em público e em manifestações. A minha compreensão acaba quando manifestantes se misturam com inimigos da democracia e agitadores políticos", afirmou Steinmeier.

Pelo menos 200 manifestantes forçaram as barreiras de segurança para tentar subir os degraus e entrar no Reichstag, sendo impedidos pela polícia, que recorreu a 'spary' e deteve várias pessoas.

O ataque já tinha sido condenado pelo ministro do Interior, Horst Seehofer, que considerou "inaceitáveis" os atos perpetrados contra "o centro simbólico da democracia liberal" da Alemanha.

Também a ministra da Justiça, Christina Lambrecht, condenou o ataque e pediu os alemães que "se defendem destes inimigos da democracia".

"A imagem insuportável de neonazis em frente ao Reichstag não se pode repetir", disse a ministra aos jornais do grupo Funk.

"É uma vergonha ver bandeiras do Reich em frente ao nosso parlamento", considerou também o ministro dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas.

Ao longo do dia de sábado, cerca de 300 pessoas foram detidas.

Os incidentes mais graves ocorreram, além de junto ao Reichstag, junto à embaixada da Rússia, onde se concentraram cerca de 2.000 pessoas, algumas das quais seguiram depois para o edifício do parlamento.

A multidão integrava militantes do movimento "identitário" dos Reichburger (cidadãos do Reich), que não reconhecem a República Federal da Alemanha e rejeitam a sua ordem jurídica.

Em frente da embaixada russa, agitaram bandeiras nazis entre gritos de apoio ao Presidente russo, Vladimir Putin, e contra a chanceler, Angela Merkel, enquanto lançavam garrafas e pedras contra a polícia anti-motim mobilizada para o local.

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