Num comunicado, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), que quis assinalar o novo ano escolar que hoje arrancou em vários países europeus, referiu que o total estimado de crianças e jovens matriculados em todo o mundo, desde a pré-primária até ao secundário, ronda os 1,5 mil milhões de estudantes, dos quais cerca de 900 milhões começam geralmente a escola entre os meses de agosto e outubro.
Os restantes estão abrangidos por outros calendários escolares (por exemplo, entre janeiro e novembro ou entre março e dezembro).
De acordo com a UNESCO, cerca de 128 milhões de estudantes já regressaram às salas de aulas e outros 433 milhões, em 155 países, devem iniciar o ano escolar nas próximas semanas, o que irá representar um total de 561 milhões de alunos.
Mas, feitas às contas, a UNESCO alertou que cerca de mil milhões de alunos, ou seja, dois terços da população escolar a nível mundial, vai continuar "sem escola ou numa situação de incerteza" devido a constrangimentos associados à pandemia da doença covid-19.
A agência da ONU realçou igualmente que as estimativas apontam que "mais de metade dos 900 milhões de alunos que (agora) iniciam o novo ano escolar deverão prosseguir num ensino à distância, de forma total ou parcial".
E, frisou a UNESCO, "a maioria destes alunos e as respetivas famílias ainda estão à espera de indicações claras sobre o que esperar do início do ano letivo de 2020-21, a poucas semanas da data programada" do regresso às aulas.
Em Portugal, o arranque do ano letivo está previsto começar entre os dias 14 e 17 de setembro.
Na segunda-feira, a Federação Nacional da Educação, a Confederação Nacional das Associações de Pais e a Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas apelaram para que as orientações para o ano letivo 2020/2021 sejam "claras e coerentes".
Também na segunda-feira, a Direção-Geral da Saúde informou que está a preparar um manual de apoio aos estabelecimentos de ensino para agir perante casos suspeitos ou confirmados de covid-19, de forma a controlar "o pânico" e a "tendência de encerrar toda a escola".
De acordo com a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, o documento em questão será conhecido a 07 de setembro.
Na mesma nota informativa, a UNESCO reiterou os alertas para as consequências da pandemia do novo coronavírus no setor da educação a nível mundial - escolas fechadas, ensino à distância, situações de incerteza e risco de abandono escolar --, apontando que tal cenário irá ter um impacto nas populações mais vulneráveis, em particular junto das crianças do sexo feminino.
Como tal, a agência da ONU exortou as autoridades educacionais a nível internacional a assegurarem um rápido regresso à escola, bem como a aplicarem medidas que garantam a saúde e a segurança dos alunos, dos professores e de todos os funcionários escolares.
"A crise da educação continua grave", declarou a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay.
"Várias gerações encontram-se ameaçadas por estes encerramentos de escolas, que afetam centenas de milhões de estudantes e se prolongam há muitos meses. Existe uma emergência educacional mundial", acrescentou Audrey Azoulay.
A UNESCO, em colaboração com outras agências da ONU e o Banco Mundial, está atualmente a trabalhar para a reabertura das escolas em todo o mundo, que ficaram encerradas e deixaram de ter aulas presenciais devido à crise pandémica.
A pandemia da doença covid-19 já provocou pelo menos 851.071 mortos e infetou mais de 25,5 milhões em todo o mundo desde dezembro, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.