Depois de ter sido diagnosticado com Covid-19, Donald Trump começou a ser tratado com um cocktail de anticorpos monoclonais da Regeneron. O tratamento que o presidente norte-americano caracterizou como sendo "a cura" foi desenvolvido através de células humanas de fetos abortados há décadas.
Recorde-se, porém, que a administração de Trump suspendeu os fundos federais em 2019 para os projetos científicos que envolvessem tecidos fetais resultantes de abortos. Alegou a administração de Trump, na altura, que qualquer que fosse o benefício era um imperativo encontrar métodos alternativos de investigação.
"Promover a dignidade da vida humana desde a conceção até à morte natural é uma das prioridades da administração do presidente Trump", revelou, à data, o departamento de Saúde num comunicado.
Indica o New York Times que o Remdesivir, que Trump também tomou, foi igualmente concebido através da mesma linha celular. Adicionalmente, duas das principais farmacêuticas que estão a desenvolver uma vacina para a Covid-19, a Moderna e a AstraZeneca, também estão a recorrer a esse tipo de células.
Apesar de, aparentemente, estarmos perante uma contradição, a administração de Trump não partilha da mesma opinião. Um porta-voz, que não quis ser identificado, alegou que a política relativa ao tecido fetal nas investigações científicas "excluía especificamente" as linhas celulares concebidas antes de junho de 2019.
Portanto, produtos científicos feitos através de linhas celulares que existam antes "não têm implicação com a política da administração de Trump".