Um voluntário que participava nos ensaios clínicos, no Brasil, da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford morreu, segundo indicou esta quarta-feira a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) através de comunicado, citado pela Globo.
Cientistas ligados ao ensaio clínico indicam que se trata de um homem de 28 anos, que era médico de profissão, atuava na linha da frente de combate à pandemia e residia no Rio de Janeiro. Morreu por causa de complicações da doença Covid-19.
O órgão regulador e de controlo sanitário brasileiro indicou, ainda, que foi notificado do óbito a 19 de outubro e que o comité internacional que acompanhava o caso sugeriu a continuação dos ensaios clínicos.
Não foi esclarecido pela Anvisa se o voluntário tomava o medicamento ou um placebo, alegando "compromissos de confidencialidade ética". "É importante ressaltar que, com base nos compromissos de confidencialidade ética previstos no protocolo, as agências reguladoras envolvidas recebem dados parciais referentes à investigação realizada pelo Comité Internacional de Avaliação de Segurança, que sugeriu pelo prosseguimento do estudo. Assim, o processo permanece em avaliação", indicou o órgão em comunicado.
Contudo, apesar de a Anvisa não confirmar, uma fonte ligada ao consórcio que realiza os testes afirmou que a vítima mortal integrava o grupo de voluntários que tomava o placebo, e não o imunizante contra a Covid-19, segundo a revista Veja.
Em conferência de imprensa na tarde de hoje, o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra, lamentou a morte do brasileiro, mas negou-se a prestar mais detalhes sobre o caso.
"Está prevista uma confidencialidade ética em relação a tudo que envolve os voluntários de testes. Daí a escassez, neste momento, de maiores detalhes. Em 19 de outubro tivemos a comunicação oficial do comité internacional independente relatando o ocorrido e relatando, ao mesmo tempo, a possibilidade de prosseguimento dos estudos, diferentemente da interrupção anterior. No momento, os testes prosseguem", disse Barra.
A vacina britânica, considerada como uma das mais prometedoras para tentar conter a pandemia provocada pelo novo coronavírus, está a ser desenvolvida pelo laboratório AstraZeneca, que realiza os testes, e pela Universidade de Oxford. O executivo brasileiro prevê ter disponíveis cerca de 100 milhões de doses dessa vacina no primeiro semestre de 2021.
Num cronograma apresentado na semana passada, o Ministério da Saúde brasileiro indicou que os resultados da fase de testes da vacina AstraZeneca/Oxford devem ser finalizados em novembro.
No início de setembro, a farmacêutica AstraZeneca suspendeu os testes da fase final da vacina, após uma suspeita de reação adversa séria num participante do estudo. Na ocasião, em 8 de setembro, a AstraZeneca frisou que se trata de "uma ação de rotina, que deve acontecer sempre que houver uma doença potencialmente inexplicada num dos ensaios, enquanto ela é investigada", de forma a garantir que é mantida "a integridade dos ensaios".
Contudo, cerca de uma semana depois, os testes acabaram por ser retomados em todo o mundo.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de mortos (mais de 5,2 milhões de casos e 154.837 óbitos), depois dos Estados Unidos.