Apesar do aumento exponencial do número de infeções pela covid-19 desde setembro, o Presidente, Klaus Iohannis, membro pelo Partido nacional liberal (PNL, conservador) do atual primeiro-ministro Ludovic Orban, apoiou a decisão do Executivo de manter o escrutínio, mesmo que possa colocar em risco a saúde da população.
De acordo com observadores locais, este foi o pior momento para convocar eleições, que podem ser marcadas por uma forte abstenção neste país dos Balcãs com 19,3 milhões de habitantes.
O Governo de Ludovic Orban, em funções desde novembro de 2019, deverá ainda convencer que tem argumentos para enfrentar a crise económica que se avizinha, mas o balanço do último ano não joga a seu favor.
Os liberais do PNL estão no poder desde o início da pandemia, e as suas respostas à crise têm sido insuficientes e confusas.
Nos últimos anos o país assiste a um braço de ferro entre Iohannis, considerado um pró-europeu -- também apoiado pelo Fórum democráticos dos alemães da Roménia (FDGR, centro-direita) -- e o Partido social-democrata (PSD), que se manteve longos anos no poder até à queda do seu carismático líder, Liviu Dragnea, acusado de abuso de poder e na prisão desde meados de 2019.
No entanto, o PSD, num processo de renovação interna em que tenta demarcar-se da imagem de partido corrupto, poderá não ficar longe dos liberais na disputa dos 330 lugares da câmara dos deputados e dos 136 lugares do Senado, mesmo que muito penalizado nos últimos escrutínios nacionais.
Apesar de ter perdido parte do seu imenso poder, os sociais-democratas permanecem um dos principais atores no cenário político romeno.
O futuro governo ficará dependente dos resultados de cada uma das formações, e onde também surgem na equação do Partido Movimento Popular (PMP, democrata-liberal), Aliança 2020 USR-Plus (pró-europeus e arautos do combate à corrupção), ou a União democrata magiar da Roménia (RMDSZ, conservador), que representa a importante minoria húngara.
As sondagens não atribuem uma maioria clara a qualquer formação, e para continuar a governar o PNL deverá necessitar de recorrer a uma coligação, incluindo com as formações de direita que disputam o seu eleitorado.
Neste contexto, os analistas preveem o surgimento de problemas em torno da atribuição das pastas no próximo governo, ao sublinharem que menos do que a ideologia, será a questão de saber quem controla o quê. E o USR-Plus já deu a entender que não se contentará com ministérios considerados "menores".
No combate à pandemia, o Governo de Ludovic Orban optou em março por um confinamento brutal e que foi considerado muito injustificado face à situação. Pelo contrário, o verão foi totalmente livre e sem qualquer controlo.
Atualmente, face à explosão da pandemia, o Governo adotou medidas contraditórias, ao permitir que os estabelecimentos, incluindo supermercados, estejam abertos até às 21:00, mas encerrando os mercados populares.
O desgaste do PNL foi já visível nas eleições locais de 27 de setembro -- deveriam ter decorrido em meados de junho, mas foram adiadas devido à pandemia --, nas quais o partido perdeu diversas câmaras, incluindo nas cidades de Timisoara e Brasov.
A pandemia vai ser importante no desfecho do escrutínio, em primeiro lugar na abstenção que se prevê elevada e com os efeitos mais graves da covid-19 muito visíveis entre a população, um fator que estava ausente em setembro nas eleições locais.
A situação económica será outro fator decisivo, quando se prevê uma crise grave para 2021.
O PNL tem-se afirmado como defensor das políticas de austeridade, que permanecem no seu programa eleitoral.
E os eleitores também estarão confrontados com o grande desafio em optar por quem considerem mais apto a gerir a crise económica que se aproxima.