"A única fonte de proteção será a vacinação, e acreditamos que na África do Sul, se for possível, todos devem ser vacinados, mas estimamos que será necessário imunizar entre 67% e 70% da população para se poder interromper o ciclo de transmissão", declarou Zweli Mkhize, num relatório ao parlamento através de videoconferência.
"A isso chamamos imunidade de grupo e que se baseia num cálculo feito por cientistas com base na transmissibilidade do vírus em termos do número de pessoas que cada pessoa pode infetar e de vários outros fatores para estimar o número mais seguro de pessoas que limitaria a propagação da infeção", adiantou.
O governante anunciou depois, em comunicado, que o país vai receber um milhão de doses da vacina AstraZeneca para a covid-19 neste mês de janeiro e mais 500 mil doses em fevereiro, a serem fornecidas pelo Instituto Serum da Índia (SII).
"Na nossa apresentação [ao Parlamento], também afirmamos que, como país, estimamos que 1,25 milhões de profissionais de saúde públicos e privados sejam priorizados. É por isso que hoje anunciamos que a África do Sul receberá um milhão de doses em janeiro e quinhentas mil doses em fevereiro do SII", lê-se no comunicado enviado à imprensa.
"A vacina SII/AstraZeneca já foi aprovada por vários reguladores e está a ser lançada em outros países, portanto, como parte da agilização do processo regulatório, a SAHPRA [Autoridade Reguladora de Produtos de Saúde da África do Sul] está a atender a esse trabalho regulatório", adianta-se no comunicado do ministro da Saúde sul-africano.
A África do Sul, que regista uma segunda vaga da covid-19 impulsionada pela nova variante do coronavírus 501.V2, reportou 844 óbitos e 21.832 novos casos de infeção nas últimas vinte e quatro horas, elevando o número total de casos positivos de infeção para 1.149.591 e o total de mortes por covid-19 para 31.368 desde março.
O Presidente Cyrill Ramaphosa convocou na quarta-feira uma reunião especial do Governo sobre a pandemia da covid-19, não tendo sido feita até ao momento qualquer comunicação ao país.
Com cerca de 6,9 milhões de testes realizados à covid-19, dos quais 70.060 nas últimas vinte e quatro horas, o país reporta uma taxa de recuperação de 80,8% com um total de 929.239 recuperados, segundo o ministro da Saúde sul-africano.
No relatório hoje ao comité parlamentar da saúde, transmitido ao país pela televisão nacional, Zweli Makhize estimou, contudo, que a África do Sul espera iniciar o programa de vacinação contra a covid-19 até abril, dependendo, nesse sentido, da iniciativa COVAX, da Organização Mundial da Saúde (OMS).
"O Presidente anunciou que em termos da plataforma COVAX, iremos ter a primeira vacina no país por volta de abril, segundo as indicações que nos foram dadas pelo programa COVAX", explicou Mkhize, sem precisar datas.
O governante adiantou também ao Parlamento que o fator risco atrasou o início do programa de vacinação na África do Sul, o país com o maior número de casos de infeção no continente africano.
"Na altura em que iniciámos as conversações a meio do ano, havia duas alternativas, sendo a primeira abordagem reunir vários países para tentar criar um grau de segurança, garantindo que temos um grande número de países que podem negociar melhores preços, ao mesmo tempo que nos inscrevemos no programa COVAX, o que significa que seriam nove vacinas candidatas que trabalhariam para ver qual delas teria sucesso", explicou.
"A outra opção era um acordo bilateral, onde se esperava que os países colocassem alguma contribuição imediata e se vinculassem a uma vacina, o que significava que o valor não seria reembolsável e estaríamos a assumir um risco numa vacina específica e sentimos que o risco era muito elevado entre os dois programas", explicou o governante sul-africano ao parlamento.
Segundo o ministro, "tem havido contactos a nível bilateral com vários fabricantes e o Presidente Ramaphosa criou ainda um grupo de trabalho para averiguar o acesso continental à vacina através de grandes volumes do continente para que se possa beneficiar de preços mais viáveis".